10º Domingo do Tempo Comum

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, 

Hoje, neste 10º Domingo do Tempo Comum, somos convidados a refletir sobre a misericórdia de Deus e nosso chamado ao arrependimento. As leituras de hoje nos mostram o coração misericordioso de Deus e como Ele nos chama, mesmo em nossa fraqueza e pecado, a seguir Seus caminhos. 

A primeira leitura é de Oseias 6,3-6, em que o profeta Oseias nos lembra que o Senhor deseja a misericórdia e não o sacrifício, e o conhecimento de Deus mais do que holocaustos. Em Oseias 6,6, lemos: “Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus mais do que holocaustos.” Isso nos revela que Deus valoriza nosso coração arrependido e nosso relacionamento com Ele acima das práticas rituais externas. 

Em Romanos 4,18-25, São Paulo nos fala sobre a fé de Abraão, que “esperando contra toda a esperança, acreditou”. Abraão foi justificado não por suas obras, mas por sua fé. Esta passagem nos ensina que é a fé que nos une a Deus e nos justifica, e não apenas nossas ações. Deus é misericordioso e nos chama a confiar Nele, assim como Abraão fez. 

No Evangelho de hoje, Mateus 9, 9-13, vemos Jesus chamando Mateus, um cobrador de impostos, para segui-lo. Mateus, considerado um pecador pela sociedade, recebe o chamado de Jesus: “Segue-me”. E Mateus se levantou e o seguiu. Jesus depois vai à casa de Mateus e come com muitos cobradores de impostos e pecadores. Quando os fariseus questionam por que Jesus come com pecadores, Ele responde: “Os sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos. Ide, porém, e aprendei o que significa: ‘Misericórdia quero, e não sacrifício.’ Porque eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.” 

Estas passagens incitam a reflexão sobre a natureza da misericórdia de Deus. Ele nos chama, não porque somos perfeitos, mas porque somos imperfeitos e necessitamos de Sua graça. A resposta de Mateus ao chamado de Jesus é um exemplo poderoso de como devemos responder ao convite divino: com prontidão e fé. 

A misericórdia de Deus é uma constante busca por nós, Seus filhos. Ele deseja que retornemos a Ele, que reconheçamos nossas falhas e que, em arrependimento, busquemos um relacionamento mais profundo com Ele. A misericórdia não é apenas um sentimento, mas uma ação concreta de amor e compaixão. 

Como podemos aplicar essa mensagem em nossas vidas? Primeiramente, reconhecendo nossa necessidade da misericórdia de Deus e pedindo perdão por nossos pecados. Em segundo lugar, sendo instrumentos dessa mesma misericórdia para os outros. Jesus nos mostra que devemos acolher os pecadores, oferecendo amor e esperança, e não julgamento e condenação. 

Que neste 10º Domingo do Tempo Comum, possamos renovar nosso compromisso de seguir a Cristo com um coração arrependido e cheio de fé. Que possamos experimentar a profunda misericórdia de Deus e sermos testemunhas desse amor transformador em nossas vidas e na vida daqueles ao nosso redor. Amém.


Autor: Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
Fonte: CNBB