5 passos para fazer do seu filho alguém gentil

Mas isso precisa ser ensinado? Muito mais do que você pensa!

O “X” da questão é: os valores da nossa juventude parecem estar errados e as mensagens que os adultos estão passando podem ser o cerne do problema.

Cerca de 80 por cento dos jovens entrevistados numa pesquisa recente de um projeto disseram que os pais estavam mais preocupados com a realização dos próprios filhos ou com a felicidade deles do que com o fato deles se importarem com os outros. Os entrevistados também foram três vezes mais propensos a concordar que “Meus pais estão mais orgulhosos se eu tirar boas notas do que se eu for solidário em sala de aula e na escola”.

Metade dos alunos do ensino médio admitem a fraude em um teste e cerca de 75% admitem copiar a lição de casa de outra pessoa. Quase 30% dos estudantes de ensino fundamental e médio relataram serem intimidados durante o ano escolar de 2010-2011. Todos estes são dados americanos, mas, sinceramente, não é só a realidade americana, não é mesmo? Na raiz do problema está uma lacuna entre o que os pais e outros adultos apontam como prioridades e as mensagens reais que transmitem no comportamento do dia a dia.

Aí eu me pergunto: de quem é a culpa da gente ficar dizendo que “o mundo anda tão complicado e egoísta”? Se o mais importante for ensinar a “ter” e a “ser”, é claro que vai faltar na vida adulta o espaço para o “dividir” ou “se solidarizar”.

Se de alguma forma este assunto lhe sensibiliza, aqui vão as cinco estratégias da equipe de Weissbourd para fazer do seu filho um adulto gentil:

1. Faça o “cuidar dos outros” uma prioridade

As crianças precisam aprender a equilibrar suas necessidades com as necessidades dos outros. De acordo com os estudos de Weissbourd, mais importante do que ser feliz, é ser gentil. Porque a ironia é que ter o foco na felicidade e na conquista pessoal, não parece aumentar a realização das crianças ou a felicidade delas.

Segundo uma pesquisa americana, crianças de comunidades ricas que estão submetidas à pressão intensa de conquista por seus pais não parecem superar outros estudantes. Os pais que procuram preservar a felicidade de seus filhos, constantemente protegendo-os contra as adversidades, podem roubá-los de estratégias de enfrentamento que são cruciais para a felicidade a longo prazo. Os pais que não priorizam que seus filhos sejam gentis com os outros, podem privá-los da oportunidade de desenvolver habilidades fundamentais de relacionamento e as relações fortes são uma das nossas fontes mais importantes e duradouras de bem-estar.

2. Oferecer oportunidades para que as crianças pratiquem atenção e gratidão

Nunca é tarde demais para se tornar uma pessoa boa, mas isso não vai acontecer por si só. As crianças precisam praticar o cuidado com os outros e precisam expressar gratidão por aqueles que cuidam deles.

Estudos mostram que as pessoas que têm o hábito de expressar gratidão são mais propensos a serem úteis, generosos, compassivos e também são mais propensos a serem felizes e saudáveis. É importante ficar atento para que os filhos saibam tratar os mais velhos com respeito, mesmo quando estão cansados, distraídos ou aborrecidos.

Aprender a ser solidário é como aprender a jogar um esporte ou um instrumento. São lições diárias de repetição. Não recompense o seu filho para cada ação útil, como limpar a mesa do jantar. Devemos premiar apenas atos inesperados de bondade.

É importante discutir com seu filho sobre histórias de solidariedade, justiça e injustiça que aparecem na mídia ou que acontecem na vida de vocês.

3. Expandir o círculo de relacionamentos do seu filho

Quase todas as crianças se preocupam com um pequeno círculo de familiares e amigos. Nosso desafio é ajudar nossos filhos a serem atenciosos com alguém fora desse círculo, como o novo garoto na sala de aula, alguém que não fala a sua língua ou alguém que vive em um país distante. Certifique-se de que seus filhos são respeitosos e gratos com todas as pessoas a sua volta, seja um motorista de ônibus ou uma garçonete. Weissbourd deixa claro que não se trata de se aproximar e dizer “oi” para um estranho na rua, mas saber dizer “obrigado” para aqueles que nos prestam algum favor ou serviço.

Incentive as crianças a cuidarem daqueles que são vulneráveis, como confortar um colega que foi provocado. Use uma história do jornal ou TV para encorajar seu filho a pensar sobre as dificuldades enfrentadas por crianças em outro país.

4. Ser um modelo firme para a criança

As crianças aprendem valores éticos, observando as ações dos adultos que respeitam. Ser exemplo de respeito quando você interage com outros adultos é importante na vida dos filhos.

Os pais precisam ser um modelo moral, o que significa que precisamos praticar a honestidade e a justiça. Mas isso não significa ser perfeito o tempo todo. Para haver respeito e confiança dos nossos filhos, precisamos reconhecer nossos erros e falhas. Nós também precisamos respeitar o pensamento das crianças e ouvir suas perspectivas, demonstrando-lhes como queremos que eles tratem as outras pessoas.

Conversar sobre dilemas éticos no jantar, como por exemplo: “Devo convidar um novo vizinho para minha festa de aniversário, quando meu melhor amigo não gosta dele?” é um bom exercício. O envolvimento com algum serviço comunitário, pelo menos uma vez por mês junto com o filho, é muito proveitoso.

5. Ajudar a criança a lidar com sentimentos destrutivos

Muitas vezes, a capacidade de ser gentil com os outros é dominada pela raiva, vergonha, inveja ou outros sentimentos negativos.

Precisamos ensinar às crianças que estamos sujeitos a todos estes sentimentos, mas algumas formas de encarar o que sentimos não funcionam. As crianças precisam de nossa ajuda para aprender a lidar com os sentimentos de forma produtiva.

Aqui está uma maneira simples de ensinar seus filhos a se acalmar: diga ao seu filho para parar, respirar fundo pelo nariz e expirar pela boca, e contar até cinco. Primeiro experimente isso quando seu filho estiver calmo. E então utilize isso na hora em que ele estiver chateado. Com o tempo esta prática pode ajudar o seu filho a não se chatear e a expressar seus sentimentos de uma forma mais apropriada.


Fonte: Aleteia e Cleofas