Entenda porque a Igreja Católica afirma ser “o povo de Deus”

Essa busca pela identidade da Igreja, mergulha-nos também noutro aspecto igualmente importante: ela é composta de um povo sacerdotal, profético e real. (cf. CIC 783-784).

Um conceito equivocado de um objeto é causa geradora de muitos outros equívocos. Essa imprecisa informação, entre outras coisas, promoveria usos inadequados do objeto supostamente conhecido. Por isso, um dos esforços da Igreja, nesses quase dois mil anos de sua existência, foi o de se apropriar de um conceito claro e preciso de si mesma. Porém, esse esforço não deve ser confundido com a pretensão de esgotar ou “capturar” o mistério nas mãos. Se assim o fosse, não seria mais um mistério. 

Quem a Igreja é para si mesma? Segundo o Catecismo, a Igreja se define como sendo: “Povo de Deus, Corpo místico de Cristo, Templo do Espírito Santo” (cf. CIC 781). Esse povo de Deus tem algumas características que o diferem de todos os outros povos, pois não se limita a uma cultura, uma língua, uma raça etc. Veja:

É o povo de Deus: Deus não é propriedade de nenhum povo; mas adquiriu para Si um povo constituído por aqueles que outrora não eram um povo: ‘raça eleita, sacerdócio real, nação santa’ (1Pd 2,9); vem-se a ser membro deste povo, não pelo nascimento físico, mas pelo ‘nascimento do Alto’, ‘da água e do Espírito’ (Jo 3,3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Batismo;  este povo tem por Cabeça Jesus Cristo (o Ungido, o Messias): porque a mesma unção, o Espírito Santo, flui da Cabeça por todo o Corpo, este é o ‘povo messiânico’;  ‘a condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos seus corações, como num templo, reside o Espírito Santo’ ‘a sua lei é o mandamento novo, de amar como o próprio Cristo nos amou’; é a lei ‘nova’ do Espírito Santo; a sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo. ‘Constitui para todo o género humano o mais forte gérmen de unidade, esperança e salvação’ o seu destino, finalmente, é ‘o Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio Deus, se deve dilatar cada vez mais, até ser também por Ele consumado no fim dos séculos’” (CIC 782).

Como pudemos ver, a vocação da Igreja, povo de Deus, é ser sal da terra e luz do mundo. Não pode perder o sabor e nem apagar seu brilho no anúncio da paz. A Cabeça desse corpo é Cristo, o Messias, o Salvador do mundo. Na cabeça humana, como sabemos, existe o cérebro e, abaixo da região posterior desse órgão, está o cerebelo. O cerebelo é responsável por manter o equilíbrio e a postura, pois controla o tônus muscular e os movimentos voluntários.

Esse esforço de ilustrar com dados científicos, pode nos ajudar a termos alguma base para melhor entender esse simbolismo da cabeça usado pelo Catecismo, para se referir a Cristo em relação ao seu corpo, a Igreja. Essa busca pela identidade da Igreja, mergulha-nos também noutro aspecto igualmente importante: ela é composta de um povo sacerdotal, profético e real. (cf. CIC 783-784). Cada discurso ou ação divisora no seio da Igreja é uma forma de mutilar esse Corpo Santo. 


Por: Rodrigo Santos
Informações: Shalom.com.br