“Mais um ano passou e como passou rápido”. É uma expressão e constatação salutar e provocativa. Alerta que os dias não podem ser vividos de forma automatizada. O final do ano e o começo de outro são uma oportunidade para parar, avaliar e planejar. Tomar coragem de recolher-se num ambiente favorável, com tempo suficientemente longo para permitir a recordação da vida. É uma atitude sábia e necessária. É um exercício a ser feito de modo individual, mas também com a família, com os colegas de trabalho, com os amigos.
Olhar com gratidão o ano que passou. Reconhecer os benefícios recebidos e alegrar-se com o que aconteceu. Vivemos e realizamos as nossas atividades com os outros e para os outros. Reconhecer e agradecer as bênçãos de Deus. Agradecer à mãe terra que nos acolheu, nos encanta nos alimenta com seus frutos. Agradecer os sábios ensinamentos da Bíblia que educam, iluminam o caminho e consolam. Agradecer a Igreja ou comunidade religiosa por cultivar a fé e as obras de caridade. Na avaliação aparecerão fatos, pensamentos, palavras e ações realizadas que fizeram mal a nós próprios, ao próximo, à sociedade e à natureza. Assumir e confessar os erros e pecados revela maturidade e desejo de aperfeiçoamento, como também é um apelo de compreensão e de perdão das pessoas ofendidas.
É um tempo favorável para projetar o ano, rever ou propor novas prioridades, sejam elas pessoais ou familiares. Também é preciso sonhar e projetar toda a humanidade. O que precisa mudar e onde posso colaborar?
A mensagem do Papa Francisco para o “Dia mundial da paz” 2024 reflete sobre a “inteligência artificial e a paz”. Em primeiro lugar, reconhece a importância e a necessidade do desenvolvimento técnico para tornar a terra um lugar digno de viver e louva pela capacidade criativa dos homens. Também alerta que a ciência sempre deve guiar-se pela ética promovendo os valores humanos fundamentais como “a inclusão, a transparência, a segurança, a equidade, a privacidade e a fiabilidade”.
Conclui a mensagem dizendo: “Espero que esta reflexão encoraje a fazer com que os progressos no desenvolvimento de formas de inteligência artificial, sirvam, em última análise, a causa da fraternidade humana e da paz. Não é responsabilidade de poucos, mas da família humana inteira. De fato, a paz é fruto de relações que reconhecem e acolhem o outro na sua dignidade inalienável, e de cooperação e compromisso na busca do desenvolvimento integral de todas as pessoas e de todos os povos.
No início do novo ano, a minha oração é que o rápido desenvolvimento de formas de inteligência artificial não aumente as já demasiadas desigualdades e injustiças presentes no mundo, mas contribua para pôr fim às guerras e conflitos e para aliviar muitas formas de sofrimento que afligem a família humana. Possam os fiéis cristãos, os crentes das várias religiões e os homens e mulheres de boa vontade colaborar harmoniosamente para aproveitar as oportunidades e enfrentar os desafios colocados pela revolução digital, e entregar às gerações futuras um mundo mais solidário, justo e pacífico”.
Desejamos que o ano de 2024 seja muito abençoado. Concedo a bênção que a Igreja dá no início de um novo ano.
“Deus, fonte e origem de toda bênção, vos conceda a sua graça, vos abençoe abundantemente e vos guarde sãos e salvos todos os dias deste ano. Amém.
Ele vos conserve íntegros na fé, inabaláveis na esperança e perseverantes até o fim na caridade. Amém.
Ele disponha em sua paz vossos dias e vossas ações, atenda sempre as vossas preces e vos conduza felizes à vida eterna. Amém”.
Um abençoado ano de 2024!
Por: Dom Rodolfo Luís Weber – Arcebispo de Passo Fundo (RS)
Fonte: CNBB