O Domingo de Ramos da Paixão do Senhor é a celebração litúrgica que da início à Semana Santa (à semana maior). Neste dia celebramos a entrada de Jesus em Jerusalém. Podemos encontrar a narrativa deste evento da vida de Jesus nos quatro evangelhos canônicos que são: Mc11,1-10, Mt 21,1-11, Lc 19,28 -44 e Jo 12,12-19. Mas a muitos anos antes do nascimento de Jesus vemos no livro do profeta Zacarias 9,9 o escritor sagrado profetizando sobre este fato quando diz: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e trazendo a salvação, humilde, e montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho de jumenta”.
Hosana! Bendito aquele que vem em nome do Senhor
O evangelista João nos diz que quando Jesus entra em Jerusalém montado em um jumentinho, é recepcionado pelo povo que apanharam ramos de palmeiras e saíram ao seu encontro, clamando: “Hosana! Bendito aquele que vem em nome do Senhor, o rei de Israel!” (Jo12,13).
Hosana nas alturas é um termo proveniente tanto do latim, como do hebraico, e significa “Salva-nos, te imploramos”, ou “te imploro”. Hosana nas alturas é uma oração a Deus, e significa: “Salva-nos agora, ó Tu que habitas nas maiores alturas”.
Quando Jesus entrou à portas douradas de Jerusalém, montado em um jumentinho, e o povo que haviam presenciado os milagres e prodígios que Ele havia realizado, inclusive os que viram Jesus ressuscitar Lázaro, começam a estender seu mantos e ramos de arvores no caminho em que Ele ia passando e aclamando-o como Rei, tinham uma concepção de Jesus como um rei segundo o reinado deste mundo e não como de fato é o verdadeiro reinado que Ele veio inaugurar no seio da humanidade. O povo esperava um rei político, libertador social, que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe as glorias dos tempos do rei Salomão.
No tempo de Jesus quando um rei chegava em uma cidade montado em um cavalo significava que ele queria guerra, mas quando um homem vinha montado em um jumentinho, vinha em busca da paz.
Jesus não vem montado em um cavalo, vem montado sobre um jumentinho.
O jumento no tempo de Jesus era símbolo de humildade. Ele é O Humilde que se esvaziou totalmente de si mesmo como vemos na carta de São Paulo aos Filipenses 2,6-8 que nos diz: “existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo
e tornando-se igual aos homens.
Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz”, para nos encher de sua presença.
Vem montado em um jumento, deixando-nos claro o tipo de reinado que ele veio implantar, para nos ensinar, assim como Ele, a esvaziar-nos de nós mesmo rejeitando as pompas e honrarias deste mundo, a obedecermos a seus mandamento de amor, a nos unir a Ele em seu sofrimento na cruz e para abraçar aquilo que não passa. A esvaziarmo-nos de nós mesmo para enchermo-nos Dele como diz Santo André de Creta: “Caminha o Senhor livremente para Jerusalém, ele que desceu do céu por nossa causa – prostrados que estávamos por terra – para elevar-nos consigo bem acima de toda autoridade, poder, potência e soberania ou qualquer título que se possa mencionar”.
Jesus, Ele mesmo é a nossa paz. Sem sombra de dúvidas, Ele é o Príncipe da paz! Ele é o Rei justo, que nos traz a salvação. É o messias esperado. O grande Rei montado sobre um jumentinho.
Com Ramos nas Mãos
No Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, a Igreja com todos seus fiéis cristãos dirigem -se para suas comunidades paroquiais com ramos nas mãos para celebrar, o primeiro dia da semana santa e fazer memoria da primeira procissão de Ramos realizada pelo próprio Jesus, que ao entrar em Jerusalém montado sobre um jumentinho, vai ao encontro do sofrimento para viver a paixão e morte, à entrega de amor pelo resgate, pela remissão dos pecado, pela salvação da humanidade.
A Igreja sai em procissão com seus ramos nas mãos cantando: “Hosana ao Filho de Davi: Bendito seja o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel; hosana nas alturas”. Esta ação em sair pelas ruas, deve servir para nos lembrar que somos filhos de Deus pelo batismo, membros do Corpo místico de Cristo, o Qual é a cabeça da Igreja, a Videira verdadeira e nos seus ramos, que fazemos parte dessa mesma Igreja Una Santa Católica, Apostólica Romana e que somos chamados a ser fiéis seguidores, defensores da verdadeira fé a qual somos chamados a professar, anunciadores e testemunhas da verdade e do verdadeiro amor.
Corramos, corramos nós com nossos ramos nas mãos e o coração mergulhado no grande mistério em que celebramos neste dia. Corramos com o coração esvaziado de nós mesmos para deixarmo-nos encher desse grande Amor que esvaziou-se de Si mesmo para nos encher de sua presença, resgatando-nos das mãos do pecado e da morte, garantindo nos a graça de poder fazer parte de seu reino que não é desse mundo, mas sim o reino dos céus que é eterno! Levamos e levantemos nossos ramos e estendamos nossas vestes neste dia, sim, mas levantemos principalmente os ramos da fé no Cristo morto e ressuscita, vencedor da morte, Senhor do universo, do céu e da terra, teu e meu Senhor, Nosso Senhor! Estendamos as nossas vestes, despojando-nos de nós mesmos, do desejo de reinar sobre as pessoas e as coisas que estão a nossa volta. Despojemo-nos da tentação de querer ser reis e construir nosso reinado neste mundo! Elevemos nossos ramos e despojemo-nos de nossas vestes, esvaziando-nos totalmente para que a Presença do Rei dos Reis, Senhor dos senhores encontre espaço em nosso coração para estabelecer nele seu reinado.