Todos os anos a Igreja conclui a celebração do Tempo Pascal com a Solenidade de Pentecostes. Pentecostes não é uma festa a mais no calendário litúrgico, mas é a culminância do evento pascal de Jesus Cristo que salvou o mundo: sua Paixão, Morte, Ressurreição, Ascensão ao Céu e envio do seu Espírito Santo. Trata-se de um momento muito especial. Nele fazemos memória da vinda do Espírito de Deus sobre os Apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo e da primeira comunidade cristã com eles reunida.
Os Evangelhos nos revelam que, logo após a morte de Jesus, e com razão, os discípulos permaneciam com muito medo. A perseguição era intensa. Eles se recolheram em oração aguardando o cumprimento da promessa de Jesus, que era o dom do Espírito Santo enviado pelo Pai e pelo Filho. Os Apóstolos o receberam, ficaram muito animados e passaram a anunciar a mensagem de Jesus a todas as pessoas. Através das ações apostólicas, as ações de Cristo continuaram a acontecer na Igreja nascente. O grande desejo de Cristo era que a sua Boa Nova pudesse iluminar as pessoas do mundo inteiro e esse desejo continua sendo concretizado.
A Igreja tem uma longa história de mais de 2000 anos e, nesta história, aconteceram muitas coisas boas. Também as perseguições foram intensas e continuam em algumas regiões do mundo. Muitos cristãos continuam a ser perseguidos, mas a chama e o ardor pelo Evangelho não se apagam.
O Espírito Santo, então derramado, continua a iluminar os discípulos atuais de Jesus, inspirando a palavra certa para os variados momentos em que as novas situações os desafiam.
Gosto muito daquela invocação em que pedimos que o Espírito Santo venha e “renove a face da terra”. Quando pensamos na terra, não há como não pensar na criação, pois na linguagem bíblica, Deus criou o homem a partir do barro da terra. Mas, a terra envelheceu e precisa ser renovada.
Ao pedir que o Espírito Santo venha e renove a face da terra, nós pedimos que Ele venha e renove a vida humana, pois esta precisa ser constantemente renovada e recriada. Tal renovação se dá na vida das famílias, na vida pessoal, na vida comunitária e na vida da humanidade como um todo. No evangelho de João, o Ressuscitado se manifesta entrando no lugar onde os discípulos se encontravam, com portas fechadas, e soprando sobre eles (Jo 20, 19-23). Esse sopro recorda que no ato da criação Deus insuflou um hálito de vida no ser humano por ele criado. Aquela criatura tornou-se um ser vivente. O sopro do Espírito em São João é o maior legado do Ressuscitado. O sopro de Deus é sempre um sopro criador, renovador e transformador. O sopro de Deus é santificador, transmite o fogo que purifica e anima a vida.
Ao celebrar, neste ano, a festa de Pentecostes, pensamos no Jubileu do ano Santo, que acontecerá em 2025. O Jubileu terá como lema: “Peregrinos da Esperança”. Somos um povo peregrino e precisamos olhar para o objetivo e a meta da nossa peregrinação que é chegarmos à Pátria Celeste.
Enquanto estamos em peregrinação, caminhamos com Cristo na necessidade de agir em favor do bem comum, da vida e da vivência fiel do Batismo em que o Espírito de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado ali (Rm 5,5). Não dá para negar as ações do Espírito Santo. Existem muitas histórias de testemunhos de fé. Só pode ser por Deus que esses testemunhos são dados. Só pode ser ação do seu Santo Espírito que gera vida. O Espírito Santo de amor venha sobre cada um de nós e nos ilumine, abençoe, santifique e nos capacite para a missão.
Toda missão está voltada para fora, não simplesmente para dentro de nós ou para dentro da própria Igreja, mas para fora porque fora de nós é o campo da missão. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai… (Mc 16,15) é o mandato de Jesus antes de nos deixar visivelmente. É fora de nós, dos ciclos de relacionamento e da comunidade que a missão acontece, assim como tanto pede o Papa Francisco para sermos uma Igreja “em saída”. Somos um povo que vai seguindo fortalecido pela graça do Espírito Santo.
Ao celebrar a Solenidade de Pentecostes nos colocamos na disposição para que o Senhor continue a agir em nós, por nós e conosco, pois através das nossas ações contribuímos para que a vida e o mundo sejam melhores. Desse modo, o anúncio do Evangelho se converterá em ação transformadora, sinal de que o mal cede lugar ao Reino que estará se expandindo na terra e todos seremos, em Cristo, colaboradores da salvação até que Cristo volte.