O Arcebispo de Santiago do Chile, Dom Fernando Chomali, questionou as recentes declarações do Presidente da Nação, Gabriel Boric, que anunciou que no final do ano apresentará um projeto para legalizar o aborto no país.
No sábado (02 de junho), justificando que “as mulheres do Chile merecem ter o direito de decidir”, o Presidente Boric apelou a “um debate democrático sobre os direitos sexuais e reprodutivos”.
“Apesar de alguns deputados do sexo masculino se oporem, durante o segundo semestre apresentaremos um projeto de lei sobre o aborto legal, que submeteremos à discussão correspondente”, anunciou, “com o compromisso que incentiva o nosso governo a avançar e não ir para trás.”
Com uma coluna intitulada “Cuidemos da vida dos nascituros”, publicada no El Libero , o Arcebispo de Santiago do Chile advertiu que “aqueles que defendem o laicismo do Estado para defender as suas posições ideológicas não o fizeram quando a Igreja defendeu os direitos de “tantas pessoas cujos direitos foram violentamente violados”.
Diante das vozes que “defendem que o aborto gratuito – eliminando um ser humano antes de nascer – seja um direito da mulher”, e para isso apelam a “casos dramáticos”, Dom Chomali considerou que “o dilema mãe ou filho é escasso ”, e aqueles que defendem o aborto “insistem nesse ponto para comover os sentimentos das pessoas e entorpecer a sua razão”.
“Por que vão obrigar a mãe ou o médico a escolher uma vida em detrimento da outra, e da mais fraca? Quando esta situação ocorre, um médico deve fazer tudo o que for humanamente possível para salvar ambas as vidas”, disse ele.
No caso da gravidez resultante de violação, o prelado sublinhou que “praticar o aborto não tem justificação”, porque “a um caso de injustiça, a violação, acrescenta-se outro, a eliminação deliberada dos inocentes, dos fracos”.
O prelado explicou que o que se busca é “o aborto livre em todos os eventos” e declarou: “Finalmente o debate começou para valer”.
“O que há por trás de tudo isso? Que as mulheres, em virtude da sua autonomia, têm o direito de decidir se a vida que carregam dentro de si continua a viver ou não. Essa é a questão subjacente”, sublinhou.
“Alguns pensam que a sua vida vale mais do que a de um ser humano em desenvolvimento, esquecendo-se que eles próprios passaram por essa fase da sua vida.”
O arcebispo, que também é especialista em Bioética, lembrou que o embrião “tem vida independente, é diferente do pai e da mãe, é um novo ser humano com genoma próprio e já definido sexualmente como homem ou mulher”. mulher.”
“Eles também não são verdadeiros quando dizem que a legalização do aborto acabará com os abortos clandestinos. “Eles estão perdendo a verdade quando dizem que ele é um ser humano em potencial”.
“Hoje, mais do que nunca, os médicos deveriam ser mais claros na sua posição a favor da vida”, considerou.
“Chegou a hora de ser honesto”, disse Dom Chomali, e garantiu que é “absurdo” pensar que um crime pode ser resolvido declarando-o legal, ao mesmo tempo que recomendou que aqueles que são a favor do aborto “estudem mais biologia e filosofia. ”
“Se não defendermos o mais básico dos direitos, que é o respeito pela vida desde o momento da fecundação até à morte natural, não haverá razão para violar outros direitos que daí decorrem”, insistiu.
“Aprovar o aborto no Chile será um retrocesso para a sociedade e devemos dizer isso de forma clara e inequívoca”, concluiu.
