Parolin: a Igreja no Líbano mantenha viva a mensagem de “viver juntos”

Na solenidade da Natividade de São João Batista, o secretário de Estado vaticano celebrou uma missa em Beirute com a Ordem de Malta, da qual o “precursor” de Jesus é o patrono. Parolin recordou o compromisso da Ordem com os últimos e que a grave situação econômica do país do Oriente Médio exige uma generosidade cada vez maior. Em seguida, fez um apelo para que a eleição do presidente do Líbano ocorra rapidamente para trazer estabilidade ao país.

O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, em visita ao Líbano desde segunda-feira, até quinta-feira, 27 de junho, celebrou a Missa em Beirute, na Igreja de São José, com os membros da Associação local dos Cavaleiros da Ordem de Malta, que este ano celebra o 40º aniversário de sua fundação, na solenidade da Natividade de São João Batista. Ele relembrou as palavras ditas pelo Batista às multidões às margens do Jordão: “quem tem duas vestes, reparta com quem não tem nenhuma; e quem tem comida, faça o mesmo”, para sublinhar que “a atenção aos ‘que não têm nada’ é o que caracteriza” o trabalho da Ordem no Líbano, afligido por uma grave crise econômica e política. Recordou que a Ordem de Malta deriva do grupo de Hospitalários do Hospital de São João de Jerusalém, cujo objetivo era ajudar os peregrinos na Terra Santa, chamando-os à responsabilidade de dar testemunho do Evangelho de Cristo também hoje, como indivíduos e como Igreja no Líbano, inclusive na vida pública. E, nesse sentido, o secretário de Estado espera uma rápida eleição de um presidente que traga estabilidade ao país.

A alegria e a gratidão de Isabel

Ao comentar o relato de Lucas sobre o nascimento do Batista na passagem do Evangelho do dia, o secretário de Estado descreve os três personagens centrais: Isabel, Zacarias e João. Sobre a mãe, ele enfatiza a alegria e a gratidão ao Senhor pelo cumprimento de sua promessa. “Devemos ser testemunhas dessa alegria e gratidão”, observa Parolin, “porque nós também reconhecemos a salvação que vem de Cristo”. Em um mundo cada vez mais afligido pelo pecado, pela inveja, pela divisão, pelo conflito e pela falta de perdão, a alegria cristã, que é muito mais do que uma alegria passageira, torna-se cada vez mais necessária”.

Zacarias reconhece a grandeza de Deus

Há também Zacarias, a princípio incrédulo com a notícia de que sua esposa daria à luz um filho, mas depois capaz de reconhecer a grandeza de Deus. “É encorajador saber que, se não estivermos prontos para responder à vontade do Senhor, ele – que nos conhece intimamente – sabe como usar os meios para nos dar sua alegria”, comenta o cardeal.

João: o convite à conversão da vida

E há também João, o Precursor, que poderia ser chamado de primeiro apóstolo de Jesus e, ao mesmo tempo, o último dos profetas. Sua voz poderosa preparou a vinda do Senhor, exortando o povo de Israel à conversão. Para ele, destacou o cardeal Parolin, “é inútil ser filho de Abraão se não se pratica a justiça”. Àqueles que lhe perguntaram o que ele deveria fazer para ser salvo, João respondeu: “quem tem duas roupas, compartilhe-as com quem não tem nenhuma; e quem tem comida, faça o mesmo”. A atenção aos pobres, aos doentes e aos sofredores é exatamente o que caracteriza a presença da Ordem de Malta no Líbano, uma atenção que não pode ser separada da tuitio fidei, ou seja, a defesa da fé, como o próprio lema da organização lembra: Tuitio fidei et Obsequium Paeperum.

A grave crise no Líbano

O que é praticado pela Ordem de Malta não é um serviço aos mais fracos, “simplesmente de natureza humanitária”, enfatiza Parolin, “porque é uma ação religiosa fundada na fé em Cristo” que favorece os últimos e, olhando para os acontecimentos atuais, continua: “que a grave situação econômica no Líbano os leve a ser cada vez mais generosos na ajuda aos mais necessitados, na busca de aliviar o fardo de muitas pessoas, na esperança de um futuro melhor, mais justo e equitativo”.

O testemunho de “viver juntos

No serviço, vocês são chamados a mostrar a alegria, a fé e a esperança experimentadas por Isabel e Zacarias, para ser como João, testemunhas de Cristo, e “hoje temos uma grande necessidade de testemunhas confiáveis”, disse o cardeal, em nível pessoal, familiar e como Igreja. “A Igreja no Líbano também”, enfatizou Parolin, “deve dar testemunho, de acordo com sua alta missão de manter viva e eficaz a mensagem de ‘viver juntos’, que é uma característica da Terra dos Cedros. Nós mesmos também devemos ser testemunhas em nível nacional, regional e internacional, sem medo de levar o Evangelho de Cristo à vida pública”.

O apelo para uma rápida eleição de um presidente

A esse respeito, o secretário de Estado se refere a “um grande vazio” no cenário político do país, “a voz do Presidente do Líbano está faltando. Essa ausência”, disse ele, “pesa muito em um momento tão sério para o Oriente Médio”. Então continuou: “em nome do Santo Padre, com confiança e esperança, renovo este apelo a todos aqueles que têm responsabilidade, para que a eleição do presidente ocorra rapidamente e o país possa recuperar a estabilidade institucional tão necessária para enfrentar seriamente os desafios atuais”.

A vocação do Líbano de ser uma luz para a região

O cardeal Parolin concluiu sua homilia citando o que São João Paulo II escreveu na Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Uma Nova Esperança para o Líbano,, na qual ele afirmou que o compromisso de cada pessoa “por amor ao Senhor e à sua Igreja” traria frutos para toda a sociedade libanesa. “Então o Líbano”, diz a Exortação, “a feliz montanha onde surgiu a Luz das Nações, o Príncipe da Paz, poderá florescer plenamente; realizará sua vocação de ser uma luz para os povos da região e um sinal da paz que vem de Deus”. O desejo de Parolin é que “o Evangelho da salvação seja uma fonte de força, alegria e esperança para todos os homens e mulheres desta terra”.


Informações: Adriana Masotti – Vatican News