Na Oitava da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, a Igreja celebra a Memória de Nossa Senhora Rainha, a Virgem Santíssima que é coroada como Rainha do Céu e da Terra após subir aos céus.
O Evangelho sugerido pela Igreja para ser proclamado hoje é o da Anunciação, em que o Anjo Gabriel diz à Virgem Maria que “ela vai conceber e dar à luz um Filho, e esta criança irá sentar-se no trono do seu pai Davi” (cf. Lc 1, 31-32). No Antigo Testamento, existia uma tradição com relação à dinastia do Rei Davi, em que a rainha era sempre a mãe do rei. Após a morte de Davi, Salomão fez inclusive uma cerimônia de entronização para sua mãe, que estava sentada no trono, e inclinou-se diante dela. Se formos olhar as genealogias dos reis davídicos, iremos notar que, com inusitada frequência, a rainha-mãe é citada.
Portanto, quando o anjo Gabriel anunciou à Virgem Maria que ela teria um Filho, descendente de Davi, e que Ele iria se sentar no trono de Davi, ela soube que, naquele momento, também estava sendo anunciada como Rainha. No entanto, Maria reage dizendo mansamente: “Eis aqui a escrava do Senhor” (Lc 1, 38). Ela mesma, depois, irá confessar sua grande humildade: “O Senhor olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1, 48). Por sempre se fazer pequena, Nossa Senhora passou despercebida neste mundo, mas depois é apresentada de forma magnífica por São João Evangelista, que a recebeu como Mãe aos pés da Cruz.
A realidade de Maria ser coroada e estar sentada ao lado de seu Filho no Céu não é algo apenas sublime e glorioso, mas principalmente salvífico, porque ela nos protege do inimigo. É por causa disso que a Igreja diz na belíssima oração da “Salve-Rainha” que ela é a Mãe de misericórdia.
Peçamos, então, que ela volva para nós o seu olhar, porque somente este é capaz de derrotar as hostes inimigas e trazer a vitória que tanto precisamos. Nós, que vivemos tempos atribulados na Igreja e desejamos verdadeiramente servir a Deus na santidade, olhemos para nossa Mãe neste dia em que ela é coroada, celebrando este grande mistério e saudando-a com uma piedosa e devota “Salve-Rainha”.