O “turismo lento” ou “slow turismo” continua crescendo entre os peregrinos que se dirigem a Assis para visitar a Basílica de São Francisco e ter uma experiência espiritual diante das relíquias do Santo, como demonstram as estatísticas compiladas pela Statio Peregrinorum – coordenada pelos freis Jorge Fernández, OFMConv e Rafael Normando, OFMConv – e apresentadas na manhã da segunda-feira, 17 de fevereiro, na Sala de Imprensa do Sagrado Convento. Constata-se, em particular, o crescimento no percentuale de peregrinos nas faixas etárias mais jovens, bem como daqueles que chegam em grupos à pequena cidade da ùmbria..
O “turismo lento” é, antes de tudo, um modo de viajar e de viver a região ou local visitado com um ritmo mais lento e de uma maneira mais aprofundada – diferentente do ritmo frenético da vida diária -, prestando atenção nos detalhes e nas belezas que nos rodeiam, e que se conjuga com o conceito de turismo sustentável. Inserem-se neste conceito os muitos caminhantes, italianos e estrangeiros que chegam a Assis a pé ou de bicicleta, depois de terem percorrido os diversos itinerários franciscanos.
Números
O número total de peregrinos revela um novo recorde: 4.483 (4.227 em 2023). Os dados mostram um equilíbrio entre homens e mulheres (49,4% e 50,06% respectivamente) e um crescimento adicional nas chegadas em grupo (38,5%, 34,2% em 2023) em comparação com as chegadas individuais (61,5%, 65,8% em 2023). As formas de caminhar permanecem quase inalteradas: 96,9% a pé, 2,9% de bicicleta.
Proveniência
O percentual de italianos passa de 51% em 2023 para 49,85% em 2024. Quanto à origem dos peregrinos estrangeiros, 11,95% são provenientes da Alemanha, 5,62% dos Estados Unidos e 5,18% da França.
Quem são
Mesmo que os maiores de sessenta anos continuem sendo a maioria (52,9% em comparação com 59% em 2023), as faixas etárias mais jovens voltam a crescer: 35,3% para a faixa etária de 30 a 60 anos (32,1% em 2023), 8,9% para a faixa etária de 18 a 30 anos (6,3% em 2023), 3% para a faixa etária de menores de 18 anos. Em relação ao emprego, 21,12% dos peregrinos são aposentados (21,29% em 2023), 11,99% são estudantes (8,52% em 2023) e 8,48% são professores (8,62% em 2023).
As motivações
A principal motivação que leva as pessoas a empreenderem um caminho continua sendo a religiosa (41,41% contra 46,73% em 2023); interesse cultural 1,89% dos casos e em 22,8% dos casos são constatadas outras motivações.
Os caminhos
A Via de Francisco é confirmada como o caminho franciscano mais percorrido pelos peregrinos com 80,93% (81,4% em 2023). Seguem-se o Caminho de Assis com 5,34%, a Via Lauretana com 2,79%, Por Aqui passou Francisco com 2,33%, o Caminho Franciscano das Marcas com 2,28%, Vézelay-Assis 2,21%, Outros 1,89%.
O Valor das peregrinações
«Na nossa época e no nosso contexto cultural marcado pelo impacto da tecnologia e pelo estilo de vida que dela deriva – afirmou o Custódio do Sacro Convento frei Marco Moroni, OFMConv, é muito significativa a tendência crescente do turismo lento e da peregrinação a pé, como oportunidade para voltar ao essencial. E a busca pelo essencial, desde o início dos tempos, tem sido o primeiro passo em todo caminho espiritual autêntico
São Francisco, o homem que foi peregrino nos campos, nos borgos e nos castelos do seu tempo, para convidar os homens e as mulheres a focarem a sua vida em torno d’Ele e naquilo que não passa e não “enferruja”, continua a convidar muitas pessoas – também por meio do turismo lento – a percorrer este itinerário, que, embora físico, é ao mesmo tempo interior. E nós, seus filhos e discípulos, ficamos felizes e honrados em poder acolher, apoiar e valorizar aqueles que têm essa coragem e se colocam neste caminho».
Já o bispo de Città di Castello e di Gubbio, dom Luciano Paolucci Bedini, destacou que «não podemos esquecer que por trás dos números das estatísticas estão, antes de tudo, os rostos das pessoas, que são o que realmente conta. Em segundo lugar, constantando a força do um turismo lento realizado sobretudo por pessoas com mais de sessenta anos, deveríamos questionar-nos e comprometer-nos mais, como sociedades e agências educativas, para um maior envolvimento dos jovens neste tipo de experiências, que são sempre e em todo o caso também uma viagem interior em profundidade».