Depoimento de Sônia Gomes de Oliveira, presidente do Conselho Nacional do Laicato
O Papa Francisco foi muito marcante ao convidar mulheres para participar do sínodo e foi uma alegria muito grande participar. Durante o sínodo, em todas as manhãs que tinha as sessões, o Papa estava presente, inclusive nos grupos de trabalho. O Papa Francisco chegava quase uma hora antes para escutar cada um que estava ali, para viver essa experiência de saber como é que estava. Eu sempre chegava cedo e ia cumprimentar o Papa e ele perguntava sempre dos leigos no Brasil. O Papa falou algo mais ou menos assim: “Vocês não são hóspedes, eu reforço isso para vocês, vocês leigos não são hóspedes da igreja, vocês não são menores da igreja, eu acredito muito no potencial do laicato, a igreja são vocês, são vocês”. Isso dá pra a gente uma força muito grande.
As palavras do Papa
Pela convivência desses dias do sínodo, percebi que o Papa Francisco era um homem muito simples e que falava com simplicidade. Na Encíclica Fratelli Tutti ele explica que nós precisamos ser pontes e não muros. Eu penso que com esse posicionamento dele de trazer mulheres, ele quis justamente usar isso também, essa metáfora do ser ponte, para dizer para a igreja que incluindo as mulheres nesses espaços, e não uma igreja masculinizada, mas uma igreja com olhar feminino, e quando ele começa convocando mulheres para estar no sínodo, para ter direito à voz, para ter voto, então a gente já começa entendendo que ele quer ser essa ponte, ou fazer com que nós sejamos essa ponte de transição de um lado para o outro. Enquanto muitos querem uma estrutura de igreja com muros ou tudo mais, ele faz isso.
Fiquei impressionada com o jeito simples do Papa Francisco. Ele chegava sempre silencioso, entrava ali e me chamava a atenção, porque ele sempre era um dos primeiros a chegar para acolher todo mundo. Então, fazia-se uma fila grande e ele escutava todos, sentava ali e até ter o horário certo de começar as sessões, ele escutava aqueles que estavam ali. Depois, encerrava a sessão, ele atrasava o almoço, atrasava o cafezinho para dar tempo de escutar aqueles que não tinham entrado na fila no início.
Isso mostra muito do Papa Francisco: de ter tempo para escutar, ter tempo para ouvir, ter tempo para falar com as pessoas. Um dia me chamou muita atenção, quando ele chegou um dia atrasado, acho que foi uma quarta-feira e ele teve a audiência geral antes. Quando ele chegou a oração já tinha começado. Ao invés de ir direto para o lugar dele, fez questão de aguardar no fundo da sala até que a oração fosse concluída. Isso mostra a humildade tão grande desse homem.