Nos três primeiros Evangelhos, encontramos estes dois santos nas listas dos apóstolos. Mateus e Marcos referem-se a Simão com o epíteto de cananeu — que o diferencia de Simão Pedro —, e a Judas, simplesmente como Tadeu.
Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. Estes são os Doze que Jesus enviou em missão […]
Ele constituiu, pois, os Doze, e impôs a Simão o nome de Pedro; […] depois André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Tadeu, Simão, o zelota […]
O Evangelho de São Lucas também refere-se a Simão, como “zelota”, no entanto chama o outro discípulo de “Judas, de Tiago” ou “Judas, filho de Tiago”, o que pode significar, na verdade, irmão de Tiago. Ele também é assim nomeado nos Atos dos Apóstolos.
Além disso, Judas Tadeu também aparece no Evangelho de São João ao fazer uma pergunta para Jesus durante a Última Ceia:
Judas — não o Iscariotes — lhe diz: “Senhor, por que te manifestarás a nós e não ao mundo?” Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada. 7
As designações atribuídas a esses dois apóstolos nas Escrituras, além de distingui-los dos outros de nome semelhante, e mais conhecidos, também lançam alguma luz sobre suas identidades. No entanto, outros pormenores relacionados às suas atividades após a ascensão de Jesus são mantidos na tradição cristã.
Conheça os três pilares da Fé Católica: Tradição, Magistério e Sagrada Escritura.
A Epístola de São Judas
A autoria de uma das Cartas do Novo Testamento, conhecida como “Epístola de São Judas,” é tradicionalmente atribuída a Judas Tadeu. Essas epístolas são chamadas “católicas” porque não se destinam a uma igreja local específica, mas a um amplo círculo de destinatários. Na epístola, Judas Tadeu direciona sua mensagem “aos que foram chamados, amados por Deus Pai e guardados em Jesus Cristo”
A carta contém apenas um capítulo e sua preocupação central é advertir os cristãos contra aqueles que, sob o pretexto da graça de Deus, justificam sua devassidão e difundem doutrinas inaceitáveis para desviar outros irmãos, causando divisões na Igreja. Sendo assim, São Judas utiliza uma linguagem forte para descrever essas pessoas, comparando-as a anjos caídos e a personagens bíblicos como Caim. Além disso, o autor do escrito compara esses ímpios a “árvores de outono sem fruto e mortas” e “astros errantes aos quais está reservada a escuridão das trevas para a eternidade”
Em seguida, ele exorta os fiéis a manter a identidade cristã, mesmo em meio a tentações e correntes contrárias à fé. “Mas vós […] guardai-vos no amor de Deus, pondo a vossa esperança na misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.” Por fim, São Judas também exorta à misericórdia aliada ao temor do Senhor e termina com palavras belíssimas de louvor a Deus.
Nas palavras de Bento XVI, “o autor destas frases vive plenamente a própria fé, à qual pertencem realidades grandes como a integridade moral e a alegria, a confiança e por fim o louvor, sendo motivado em tudo apenas pela bondade do nosso único Deus e pela misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo.”
São Judas Tadeu, padroeiro das causas impossíveis
A devoção a São Judas Tadeu como padroeiro das causas impossíveis tem suas origens numa revelação, que remonta ao século XIV, feita por Jesus Cristo a santa Santa Brígida da Suécia, que vivia em Roma. Nessa época, os corpos dos dois apóstolos, São Judas Tadeu e São Simão, já estavam sepultados na basílica antiga de São Pedro, em Roma, onde havia um altar especial dedicado a eles.
Nessa ocasião, Jesus apareceu a Santa Brígida e disse que, se alguém estiver enfrentando uma causa urgente, deve confiá-la a São Judas Tadeu. Isso deu origem à reputação deste apóstolo como o santo das causas impossíveis e urgentes. Assim, os fiéis começaram a buscar sua intercessão em situações desesperadas, o que contribuiu para sua crescente popularidade como padroeiro das causas impossíveis.
São Simão e São Judas Tadeu demonstraram uma verdadeira coragem em ser cristãos, testemunhando a fé até o fim. Que eles intercedam por nós, para que possamos nutrir a fé e o amor apostólico, em nossa caminhada rumo ao céu, e lutar pela causa mais importante de nossa vida: a santidade.
São Simão como São Judas Tadeu, rogai por nós!


