A minha iniciação na vida cristã se deu um pouco tardia, pois assim que fui batizado, meus pais já moravam na zona rural e devido a esse fato, não cresci tenda aquela frequência de participação ativa nas celebrações, somente quando o sacerdote realizava as visitas pastorais nas comunidades rurais é que era possível a participação e mesmo assim era muito difícil, cerca de uma vez no ano.
Quando concluí o ensino primário, meus pais me enviaram para a cidade e assim poder dar continuidade aos estudos, e por não ter costumes de ir as celebrações, pouco busquei participar das celebrações. Somente quatro anos mais tarde, incentivado pelo meu tio Francivaldo, que era catequista comecei então a catequese para o Crisma e 1° Comunhão. A partir de então, cada dia foi despertando um desejo enorme de participar e poder receber Jesus, era tão forte, que naquela época como todo garoto, eu gostava muito de futebol e por incrível que pareça, muitas vezes preferia ir à Santa Missa.
Contudo, foi chegando às vésperas do alistamento militar obrigatório e me interessei pela carreira militar. Ingressei nas fileiras do Exército Brasileiro na cidade de Marabá-PA, e com toda a empolgação e vontade de desbravar coisas novas, me afastei novamente deste tesouro que é a presença de Jesus eucarístico. Neste período alguns amigos eram cristãos, mas não eram católicos e por diversas vezes fui convidado para ir à igreja que eles participavam. Entre estes amigos havia um que participava bem pouco da missa, mas me informou sobre um encontro de jovens muito conhecido em Marabá, o Segue-me.
Algo em meu interior gritava, sentia-me vazio e me faltava algo, era meu coração sentindo a falta de Jesus Eucarístico. Por providência Divina e intervenção de Nossa Senhora, foi preciso um acidente na volta de um evento, para tomar a minha “determinada determinação” como diz Santa Teresa D’Ávila. Alguns meses mais tarde consegui fazer o encontro Segue-me na Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré, e daí então fui retomando a vida na igreja, me engajando para valer em tudo o que era possível.
Certa vez, estando de serviço no quartel, estava com o coração inquieto para fazer uma confissão pois havia anos que eu não procurava um sacerdote. Procurei este sacramento em uma paróquia em Marabá, e após esta confissão saí exultante de alegria, apressadamente fui até o sacrário, abracei-o em lágrimas e falava a Jesus como se falasse a um amigo, que eu estava voltando para casa, e dessa vez era para sempre, e que Ele ajudasse porque eu não queria mais estar longe da sua presença. Desde este dia em diante, só crescia meu amor a Jesus, e era muito frequente as lágrimas de gratidão em cada comunhão recebida.
Hoje olhando minha vida, já como um consagrado e agora como um seminarista, vejo cada detalhe do amor de Deus por mim, e suas estratégias para me resgatar e do quanto já fui lapidado, não que esteja pronto, pois à medida que avanço, mais dou conta do que me falta.
Que Jesus nos sustente e nos modele, configurando ainda mais ao que ele quer de cada um de nós.
Que Deus nos abençoe.
Graça e Paz.
Fernando Sobrinho.
Missionário da Comunidade Católica Presença