A Biblioteca Apostólica do Vaticano (BAV) acolhe hoje o primeiro de três dias, que terminará no dia 24 de março, de um curso internacional organizado pela mais importante rede de bibliotecas da qual faz parte: IFLA (Federação Internacional de Associações e Instituições de Bibliotecas) . O objetivo do curso é oferecer oportunidade de desenvolvimento profissional e networking qualificado .
Uma comparação internacional
“Também nos reunimos com gestores de bibliotecas e federações associativas de bibliotecas de todo o mundo para verificarmos juntos e trocarmos experiências em relação à recolha, conservação e disponibilização do património livreiro que cresce ao longo dos anos”, afirma o prefeito da BAV, Dom Mauro Mantovani .
O primeiro dia será dedicado principalmente aos desafios da preservação digital, com foco na investigação e práticas atuais sobre sustentabilidade e reutilização de acervos digitais; em particular, será apresentado o projeto de preservação digital de longo prazo da Biblioteca do Vaticano, pela coordenadora dos Serviços de Informática Paola Manoni, pelo chefe do CED Manlio Miceli e pelo membro da Coordenação dos Serviços de Informática Giuliano Giuffrida. “A preservação de toda a documentação digital, graças ao desenvolvimento das tecnologias, está melhorando”, observa o prefeito.
A ligação histórica e profunda com a IFLA
Os outros dois dias estão ligados a temas de ciência da informação. No dia 23 o estudo terá lugar na Casa Geral do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs onde também está prevista a partilha de experiências em métodos de investigação, com um seminário especificamente dedicado. O domingo, dia 24, será dedicado às características e aos projetos atuais e futuros da Academia Vivarium Novum (na Villa Falconieri, em Frascati) entre a tradição e a inovação, com especial atenção às suas Bibliotecas e Arquivos. “Estamos particularmente felizes por sermos protagonistas deste evento – explica Don Mantovani – porque o vínculo com a IFLA é particularmente profundo e queremos destacá-lo também nos anos que antecedem o centenário da fundação”. Na verdade, a iniciativa destes dias surge 96 anos depois da primeira conferência internacional realizada em Roma, por ocasião da qual a IFLA foi oficialmente criada.
O papel da IA no trabalho da biblioteca
“Eram momentos em que a BAV lidava com a evolução das novas tecnologias e passava por um processo de modernização que afectava tanto a estrutura como o pessoal. Parece-nos bom pensar também no futuro, abrir-nos para fazer disponibilizar tudo o que pudermos para a promoção da cultura, para a busca da verdade recorrendo também ao intercâmbio com realidades que ganharam as mesmas experiências”, sublinha o prefeito. Mas até que ponto a Inteligência Artificial afeta o trabalho na Biblioteca? “Temos também alguns projetos muito interessantes de utilização de IA no que diz respeito, por exemplo, ao reconhecimento de imagens, à pesquisa de textos com possibilidades que eram impensáveis no passado”, conclui Don Mauro. “É claro que deve ser sempre orientado, guiado com uma sabedoria que remete a uma dimensão pessoal que somos chamados a cultivar. A dimensão humana não pode ser sacrificada, mas deve ser promovida, graças à própria IA”. Trata-se de não esquecer a mais-valia daquela relacionalidade, em espaços cada vez mais adequados, que o prefeito imagina que distinguirão a Biblioteca Apostólica ainda daqui a vinte anos: “com melhores ferramentas na busca do bem, do verdadeiro e do lindo”.