A Palavra de Deus é “viva e eficaz”

Somos convidados a refletir sobre a força da Palavra de Deus. O plano de Deus Pai é de liberdade e vida digna para todos, e a Palavra de Deus é a ferramenta mais importante para a realização desse Plano.  

O profeta Isaías compara a Palavra de Deus com a chuva, dizendo: “Assim como a chuva e a neve descem do céu” “para” “irrigar e fecundar a terra e fazê-la germinar e dar semente (…) Assim é a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo o que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi ao enviá-la” (Is 55,10-11). Com isso, o profeta Isaías afirma que a Palavra de Deus não falha. Ela tem uma eficácia permanente, pois ela “permanece para sempre” (Is 40,8), e como diz a Carta aos Hebreus, A Palavra de Deus é “viva e eficaz” (Hb 4,12). Desse modo, como a chuva tem uma força capaz de fecundar a terra, árida e sedenta, assim também a Palavra de Deus é portadora de força, capaz de gerar vida e esperança, coragem e ânimo a todo aquele que a acolhe com amor e a põe em prática. A Palavra de Deus é a própria essência de Deus, que age nos acontecimentos, transformando a morte em vida. A grande novidade da história é que, na plenitude dos tempos, “O Verbo se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória” (Jo 1,14). Em Jesus, Deus se fez humano e veio semear a Sua Proposta: o Reino de Reino.  

 O capítulo 13 do Evangelho de São Mateus nos apresenta como um convite para ouvir e compreender a Palavra de Deus em meio aos conflitos. Neste evangelho Jesus, ao sair de casa, foi sentar-se junto ao Mar da Galileia e uma grande multidão reuniu-se em volta Dele. É o povo sedento de uma palavra, de um projeto que viesse dar sentido a sua luta e esperança de dias melhores. Se a multidão recorria a Jesus, é porque confiava Nele e em Sua Palavra. Jesus Cristo é o portador de “um novo ensinamento”, e o dava “com autoridade” (Mc 1,27).  

Jesus, como Missionário do Pai, tem consciência de que Sua missão é semear a boa semente do Reino. A parábola do semeador faz as pessoas compreenderem o que Jesus quer dizer. Assim como a semente possui em si todos os germens da vida, assim também é a Palavra de Jesus, a prática da justiça, leva à vida, dando bons frutos. Jesus é o semeador por excelência, que não esconde a semente, a Palavra do Evangelho. Em sua missão, Jesus encontrou muitas forças contrárias, que não queriam que a semente por ele semeada germinasse e desse fruto. Esta parábola faz ver que as resistências ao Evangelho existiam e continuam existindo hoje também.  

A explicação da Parábola do Semeador, chama a atenção para os tipos de terreno. Vem-nos à mente, portanto, a seguinte pergunta: Que tipo de terreno somos nós? Como acolhemos a Palavra de Jesus?  

Jesus faz ver que são diversos os obstáculos a sua Palavra: a semente que caiu à beira do caminho e, por isso, não germinou, indica a superficialidade; é aquele que não assume a Palavra como orientação de sua vida. A semente que caiu em terreno pedregoso, revela aquele que, de início, encanta-se pela Palavra, mas, diante das dificuldades e perseguições, logo a abandona. A semente que caiu no meio dos espinhos, aponta àquele que se deixa levar pelas preocupações do mundo e pela ilusão da riqueza; por isso, ele abandona a Palavra. Já a semente que caiu em terra boa,  preconiza àquele que se abre à Palavra, acolhe e a vive de acordo com ela; esse produz os frutos do Espírito. 

Estimados irmãos e irmãs. A Palavra de Deus é viva e eficaz. Assim como a semente lançada na terra precisa encontrar um terreno favorável para produzir frutos, a Palavra de Deus também precisa encontrar corações abertos e generosos para produzir frutos abundantes. Deixemo-nos, portanto, conduzir pela Palavra de Deus e comprometidos com ela, façamos frutificar as sementes da paz, da justiça e da solidariedade, sinais do Reino anunciado por Jesus, o Semeador do Pai. 

Autor: Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo de Erexim (RS)

Fonte: CNBB