“A paz que você procura está no silêncio que você não faz”.
De fato, essa sentença permaneceu por toda uma vida em minha memória e marcou-me tanto, que, ainda hoje, busco o caminho de como bem vivê-la. Embora eu tenha tido contato com a biografia da vida de santos, com o Catecismo e a Bíblia, confesso que adentrar nessa experiência tem me exigido muito esforço e dedicação.
Certa vez, li que “o silêncio aparece como uma expressão importante da Palavra de Deus” (VD 21). E mesmo parecendo um paradoxo de que no silêncio haja comunicação, pude compreender, a partir disso, que o nosso Deus sempre está presente, seja nas orações permeadas em palavras ou naquelas em que nem sabemos expressar o que estamos sentindo.
“Nas vossas orações, não sejais como os gentios que multiplicam as palavras porque pensam que, por muito falarem, serão atendidos. Não façais como eles, porque vosso Pai celeste sabe de que tendes necessidade, antes que vós o peçais” (Mt 6,7-8).
Vamos imitar o silêncio de Jesus
Ademais, Jesus bem sabia o quanto precisaríamos nos calar para nos ouvir e podermos ouvi-Lo, pois Ele mesmo o fazia, retirando-se para o deserto para orar ao Pai do Céu, para fazer jejum e oração e até mesmo para vencer a tentação do demônio.
Jesus é o Verbo encarnado e, no cumprimento de Sua missão na cruz a morrer por nossa salvação, Ele se calou, não abriu a boca e, nessa atitude, nos comunicou a Sua Paixão. O próprio Deus se cala. E nesses momentos sombrios e assustadores em que parece que estamos sós, não tenhamos medo, pois mesmo aí Ele se manifesta no Seu abismo de amor, Ele que é o próprio Amor.
No silêncio, Deus fala conosco
Note que é no silêncio que ouvimos Deus, e no silêncio Ele age em nós. Claro que não vamos parar de falar! O ser humano, afinal de contas, nasceu com capacidade para a comunicação, e isso é lindo e tem o seu valor. Mas se você me permite ainda um pouco mais, aconselho que fuja do barulho na medida do possível, diminua as telas, planeje a sua vida de oração e faça exercício físico, para que toda a ansiedade acumulada no dia a dia possa ser liberada, deixando-nos abertos à vida interior.
Que a Virgem Santíssima nos acompanhe nessa jornada em busca do silêncio fecundo.