A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) apresentou nessa última semana a Articulação REPAM COP 30, na sede regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB/ Norte 2), em Belém, no Pará.

O objetivo central da articulação é incidir diante dos acordos e recomendações pautadas nas COPs e compromissos mais ambiciosos para resolver a crise climática.
O movimento da Articulação surge da necessidade urgente de estimular e apoiar todas as formas de luta: de reuniões a marchas, implementando soluções e escutas com os povos, fortalecendo os territórios .

O lançamento começou com a bênção das águas por Dom Paulo Andreolli, bispos auxiliar da Arquidiocese de Belém (PA), que acolheu a todos. A abertura seguiu com o debate sobre os “Saberes e Sabores da Amazônia”, o processo de escuta, diálogo com os povos amazônidas, os desafios e perspectivas da COP 30 e qual o papel da Articulação da REPAM.

Irmã Maria Irene Lopes destacou a importância do encontro para o momento em que o Brasil recebe a COP. “Esse encontro tem como objetivo primordial estabelecer e enraizar um processo contínuo de articulação de povos e movimentos sociais territoriais, não apenas no período que antecede à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), mas durante e após este importante encontro global. Nosso foco é fortalecer as lutas e a capacidade de incidência política dos povos e comunidades tradicionais em seus territórios”, afirma a secretária executiva da REPAM-Brasil.

Nesses 10 anos de atuação, a REPAM, junto aos bispos da Amazônia, reafirma o compromisso expresso no Documento de Santarém: Gratidão e Profecia que destaca que nos últimos 50 anos, a região amazônica tem enfrentado uma destruição quase irreversível, afetando profundamente a floresta amazônica e o povo que dela depende. As mudanças climáticas ameaçam levar à morte progressiva da floresta, com perdas severas de serviços ecossistêmicos e biodiversidade, impactando drasticamente a economia da sociobiodiversidade que sustenta milhares de famílias na Amazônia. Este desequilíbrio não afeta apenas a Amazônia, mas todo o continente e o mundo, pois “tudo está interligado”.

Eduardo dos Santos Soares, secretário da Articulação REPAM – COP 30, acrescentou a necessidade da proximidade na mobilização com os povos e movimentos sociais territoriais “o papel da REPAM é justamente de garantia essa articulação, de possibilitar que essas vozes, os anseios e as realidades da Amazônia possam ecoar nos diversos campos e ao mesmo tempo fortalecer as lutas presentes dentro desses territórios”.

Cerca de 10 organizações, entidades, povos e redes participaram do lançamento, uma iniciativa para aumentar a mobilização e articulação que se constrói na defesa dos territórios, na afirmação de leis que defendam os bens comuns e os direitos da natureza, na consagração dos direitos dos povos, nas lutas por políticas públicas, pela justiça social e climática.

“Estamos lançando a nossa articulação no sentido de aglutinar forças e acolher as diversas organizações que já estão no caminho discutindo, dialogando com suas estratégias em defesa da vida na Amazônia e para nós é importante frisar que o protagonismo é dos povos, das organizações e dos movimentos sociais e territórios. Estamos aqui para nos inserir nos processos que serão iniciados e nos outros que já estão em andamento. Temos muito trabalho, muita gente dialogando, se organizando e precisamos fortalecer a incidência política junto ao governo brasileiro. A COP é um espaço de negociação onde nós amazônidas temos que ter nossas pautas garantidas, então estamos aqui para fortalecer esse protagonismo”, acrescentou Joana D´arc Ferreira de Lima de Menezes, articuladora da REPAM-Brasil para COP 30.

As organizações presentes compartilharam o compromisso de refletir nos desafios para COP30, entre elas estiveram: Secretaria de Diálogos Sociais – Articulação e Políticas Públicas da Secretaria Geral da Presidência, OAB, Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará – Malungu, Articulação das Mulheres Brasileiras, Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Associação Estadual das Defensoras e Defensores Públicos do Estado do Pará, Cáritas, Comitê COP 30 e os movimentos: Mandí, Mapinguari, GuetoHub, Laboratório da Cidade e Palmares – LAB.

Sobre a REPAM-Brasil

A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM-Brasil é uma rede eclesial da Igreja Católica na Amazônia Legal, que tem por objetivo promover a vida, por meio do cuidado dos povos, territórios e ecossistemas amazônicos e do incremento da consciência da importância da Amazônia para toda a humanidade, por meio de uma atuação socioeclesial articulada em rede. A REPAM-Brasil, desde 2020, tem se dedicado às pautas de igualdade racial e de gênero, com a Secretaria Executiva composta por mulheres pretas, pardas e brancas. As prioridades nos territórios são voltadas para as mulheres trabalhadoras do campo e dos grupos tradicionais da Amazônia.


Informações: Camila Del Nero – REPAM