Nesta quarta pregação, do período quaresmal, o Capuchinho continuou a aprofundar o tema: “Voltar para dentro de si mesmo”, extraído do pensamento de Santo Agostinho.
Deus vivo
Frei Cantalamessa iniciou sua meditação recordando que, este ano, celebramos o oitavo centenário do encontro de São Francisco de Assis com o Sultão do Egito al-Kamil, ocorrido em 1219, ao regressar da sua viagem ao Oriente.
Este evento, disse o Pregador, tem um detalhe que diz respeito ao tema das meditações quaresmais sobre o “Deus vivo”.
Ao voltar do Oriente, o Pobrezinho de Assis escreveu uma carta de exortação aos Poderosos das Nações.
Acredita-se que o Santo tenha se inspirado na sua viagem ao Oriente, onde ouviu a oração vespertina dos muezins através dos minaretes. Um belo exemplo, não só de diálogo entre as diferentes religiões, mas também de enriquecimento mútuo.
Nós, cristãos, – disse o Pregador da Casa Pontifícia – temos uma imagem diferente de Deus: um Deus que é amor infinito, além de poder infinito, ao qual temos a obrigação primordial de adorar: “Virá a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores deverão adorar o Pai em espírito e verdade”, diz o evangelista João.
Adoração
O Novo Testamento deu maior dignidade à palavra “adoração”. De fato, “Está escrito: ao Senhor, teu Deus adorarás, só a ele prestarás culto“.
A Igreja – disse Cantalamessa – retomou este ensinamento, fazendo da adoração o ato por excelência do culto. A adoração é o único ato religioso que não pode ser oferecido a ninguém, em todo o universo, nem sequer a Nossa Senhora, mas apenas a Deus.
A atitude externa, que corresponde à adoração, é, geralmente, a genuflexão, o gesto de dobrar os joelhos.
Mas, o que significa, realmente, adorar, perguntou o Frei Capuchinho. A expressão de adoração mais eficaz, do que qualquer palavra, afirmou, é o silêncio, na presença do Senhor Deus!” Adorar, segundo a maravilhosa afirmação de São Gregório de Nazianzeno, significa “elevar a Deus um hino de silêncio”! É consentir a Deus ser Deus.
Mas, adorar a Deus não é tanto um dever, uma obrigação, mas um privilégio, uma necessidade. O homem precisa de algo majestoso para amar e adorar! Ele foi criado para isto. Não é Deus que precisa ser adorado, mas o homem que precisa adorar. No entanto, adoração deve ser um ato livre.
O Padre Raniero Cantalamessa concluiu sua quarta pregação de Quaresma dizendo que a Igreja Católica tem uma forma particular de adoração: adoração Eucarística, o culto eucarístico, a contemplação de Cristo e do seu mistério. Enfim, a adoração Eucarística é uma das formas mais eficazes de evangelização.
O Pregador terminou sua meditação com o Salmo: “Vinde, inclinemo-nos em adoração; ajoelhemo-nos diante do Senhor que nos criou. Ele é nosso Deus! Nós somos as suas ovelhas e ele o nosso Pastor”!
Fonte: https://www.vaticannews.va