Deus semeia “boas sementes” no coração das pessoas, mas veio o mal, e semeou o joio no campo de Deus…
Jesus ensinava as grandes lições em parábolas, porque era uma maneira de explicar os mistérios do Reino de Deus que facilitava o entendimento dos pequenos e dos grandes. Na matemática, parábola é uma curva que se abre ao infinito, como um “V”, não se esgota.
Uma dessas parábolas é a do joio (ou cizânia) e do trigo.
Jesus contou esta parábola para mostrar o embate entre o bem e o mal neste mundo, e que só vai acabar quando Ele voltar.
A parábola do joio e do trigo
“O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo. Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: – Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio? Disse-lhes ele: – Foi um inimigo que fez isto! Replicaram-lhe: – Queres que vamos e o arranquemos? – Não, disse ele; arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro” (Mt 13,25-30).
O que Jesus quis nos ensinar com isso?
Que Deus semeia no coração das pessoas “boas sementes”, coisas boas, doutrina verdadeira que Ele encarregou os seus Apóstolos de difundirem no mundo: “Ide, pelo mundo inteiro, pregai o Evangelho a toda criatura…”. Eles foram, e encheram o mundo com a mensagem da salvação. Mas veio o mal, e semeou o joio no meio do trigo, no campo de Deus, isto é, na Igreja, entre os filhos de Deus.
A Igreja lutou contra muitas heresias: arianismo que negava a divindade de Jesus; o macedonismo que negava a divindade do Espirito Santo; o monofisismo que negava a humanidade de Jesus, o monoteletismo que negava que Jesus tivesse uma vontade humana, etc.
Hoje, muitos filhos da Igreja são enganados pelo joio das falsas doutrinas e dos falsos profetas, como Jesus já tinha anunciado desde o principio: “Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7,15-16).
Jesus destaca que o inimigo ataca na hora que “os homens repousavam”. Ele age na calada da noite; é malvado e traiçoeiro. E mais, é dissimulado, as folhas do joio são parecidas com as do trigo; por isso fica difícil arrancá-las antes da colheita, pois só aí se diferenciam pelo fruto que o trigo dá, e o joio não. “Por seus frutos os conhecereis”. Caso alguém queira arrancar logo o joio, corre o risco de perder muito trigo.
O joio é o símbolo dos fiéis que ouvem a Palavra de Deus; têm dentro de si a “semente de Deus”, a graça e os dons do Espírito Santo. O joio são os pecadores espalhados pelo mundo todo, no meio dos filhos de Deus, vivem lado a lado; são também os cristãos de má vida. Jesus os chama de “Filhos do Maligno” (Jo 8,41;1Jo 3,8-10; At 13,10). O inimigo que semeia o joio é o diabo. A parábola ensina, então, que o mal não vem de Deus. Mas o dono do campo sabia que ainda poderia colher o seu trigo na hora da messe, apesar da maldade do inimigo. Não se desespera, mas espera com paciência.
Embora os filhos do Reino se agitassem, o dono do campo não deixou que arrancassem logo o joio. Isto explica o sentido do mal no mundo. Deus não quer o mal, mas o permite porque não quer tirar a liberdade do homem e nem teleguiar suas criaturas. Mas ele sabe do mal tirar o bem. “Ele julgou melhor tirar o bem do mal do que não permitir mal algum”, disse S. Agostinho (Enquiridio, p. 27).
A parábola ensina que o pecado e o escândalo estarão sempre presentes no mundo e dentro da própria Igreja, pois esta é formada de homens falíveis. Não existe uma Igreja onde só haja trigo, não nos iludamos. Muitos cristãos desanimam por causa disso, mas o Senhor manda ter paciência, e confiança na sabedoria de Deus: Ele sabe porque permite o mal e na medida certa, e sabe a hora de vencê-lo.
Que cada um saiba ser fiel à sua tarefa e santificar-se. Aceitemos o misterioso plano de Deus e não seremos frustrados.