“Bem aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5,8).
A pureza de coração foi colocada por Jesus entre as oito bem-aventuranças, pois, não pode faltar na vida do santo. E São Paulo faz eco às palavras de Jesus, ao dizer aos tessalonicenses:
“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza, que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santificação e honestidade, sem se deixar levar pelas paixões desregradas como fazem os pagãos que não conhecem a Deus… Deus, não nos chamou para a impureza, mas para a santidade” (1Ts 4,3-7).
Jesus, embora misericordioso com aqueles que eram vítimas do pecado da carne, Madalena, a mulher adúltera, a samaritana do poço de Jacó, em Sicar, etc., no entanto, foi duro contra esse pecado. Na verdade, ele é radical nesse ponto. No Sermão da Montanha ele não deixa dúvidas:
“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração” (Mt 5,28).
Mais do que um corpo puro, Jesus exige um coração puro, uma mente pura, liberta das escravidões. A castidade, antes de ser uma virtude do corpo, é uma virtude da alma. Acabamos realizando aquilo que concebemos no coração. O Apóstolo São Tiago explica isso:
“Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado, e o pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tg 1,13-15).
O pecado original desvirtuou a beleza das faculdades de nossa alma, entre elas, a sensualidade. Colocada em nós, para ser o veículo do amor para o casal, nos aspectos unitivo e procriativo, tornou-se, pela concupiscência, uma fonte de desordem, se não for redimida pela graça de Deus. O coração do homem foi ferido de morte pelo pecado, por isso dele é que procede agora todo o mal da criatura:
“Não é aquilo que entra pela boca que mancha o homem, mas aquilo que sai dele… Porque é do coração que provém os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias” (Mt 15,10-19).
Jesus quer limpar o nosso coração de tudo isso, e para tal derramou o seu sangue.
A castidade unifica a pessoa e coloca à sua disposição todas as suas energias físicas, racionais e espirituais.
Mahatma Ghandi, mesmo não sendo cristão, bebeu no Sermão da Montanha os ensinamentos de Jesus. Aos quarenta anos decidiu, de comum acordo com sua esposa, renunciarem à vida sexual, tal era o valor que dava à castidade. E não tinha dúvidas em afirmar que: “a educação sexual deve ter como objetivo o superamento e a sublimação da paixão sexual”. E dizia que: “a vida sem castidade parece-me vazia e animalesca. Um homem entregue aos prazeres perde o seu vigor, torna´se efeminado e vive cheio de medo. A mente daquele que segue as paixões baixas é incapaz de qualquer grande esforço”.
Ao falar da força da Igreja dizia:
“Eu penso que é exatamente graças ao celibato dos seus sacerdotes que a Igreja católica romana continua sempre vigorosa”. Para Ghandi, a castidade significa o controle de todos os órgãos do sentido, não apenas o sexo. Para ele, “aquele que dominou os sentidos é o primeiro e o mais importante dos homens”.
Sem dominar as paixões, do sexo, da gula, dos olhos, do ouvido e da língua, o homem não tem paz e tranquilidade, pois elas são para o coração o que as tempestades são para o oceano, como dizia Ghandi.
É importante notar como um grande homem, não cristão “embora fascinado por Cristo e pelo Evangelho” valorizava tanto a castidade e a temperança.
Perseguindo uma pureza integral, Jesus acrescenta:
“Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o para longe de ti, porque te é preferível perder-se um só de teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na geena” (Mt 5,29).
E mais:
“O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mal estado, todo o teu corpo estará nas trevas” (Mt 6,22).
Como se peca hoje com os olhos! Praticamente não há mais um veículo de comunicação, que não tenha se transformado em veículo de pornografia e imoralidade. A televisão, o cinema, as revistas, os videos, etc., trazem a marca profunda de um sexo acintoso. As campanhas vergonhosas para que o povo use a “camisinha”, levada a efeito pelas próprias autoridades, revelam a grande decadência moral da nossa civilização. Incita-se ao pecado, sem a mínima vergonha!
Para São Paulo o pecado da impureza é grave porque atenta contra a santidade do corpo, que é o tempo santo de Deus:
“Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, então, os membros de Cristo, e os farei membros de uma prostituta? De modo algum. Ou não sabeis que o que se ajunta à prostituta faz´se um só corpo com ela?” (1Cor 6,15-16).
E o apóstolo insiste no assunto:
“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual vos foi dado por Deus?” (6,19).
“Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1Cor 3,17).
São Paulo, ao contrário dos maniqueístas dualistas do seu tempo, que desprezavam a matéria e o corpo, enfatiza a sua importância e convida-nos a darmos glória a Deus pela pureza dos nossos corpos:
“Não sabeis que assim já não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai pois a Deus no vosso corpo” (1Cor 6,19).
“O corpo não é para a fornicação e, sim, para o Senhor, e o Senhor é para o corpo” (6,13).
É preciso notar que para São Paulo a gravidade da impureza está no fato de sujarmos o Corpo de Cristo, já que, pelo Batismo, somos os seus membros. A vida sexual afeta a pertença a Cristo e deve ser compatível com a dignidade de membro do seu corpo.
Aos casados, a fim de evitarem o adultério, o apóstolo ensina:
“Para evitar a fornicação, tenha cada homem a sua mulher e cada mulher o seu marido” (1 Cor 7,2).
A moral católica reconhece a legitimidade da vida sexual somente no casamento. No entanto, não reconhece como legítimas todas as formas de relações sexuais. O que não está de acordo com a natureza não está de acordo com a lei de Deus. Assim, o sexo oral ou anal, e outras estrepolias, não são legítimas para o casal cristão.
Sobre esse assunto diz o Catecismo da Igreja:
“Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido” (N.2362).
E de forma alguma a Igreja aceita o adultério:
“O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha, porque Deus julgará os impuros e os adúlteros” (Hb 13,4).
Mais do que em outros assuntos, é indispensável a vigilância e a oração, que Jesus recomendou aos apóstolos, pois “a carne é fraca”. Entre os muitos conselhos sábios o livro do Eclesiástico nos diz:
“Não olhes para a mulher do outro, e não te ponhas junto do teu leito” (41,27).
“Não lances olhares para uma mulher leviana, para não acontecer que caias em suas ciladas” (9,3).
“Não detenhas o olhar sobre uma donzela, para não acontecer que a sua beleza venha a causar tua ruína” (9,5).
O Catecismo da Igreja, de maneira clara, condena o que chama de “as ofensas à castidade”. É a palavra oficial da Igreja. São os seguintes casos:
“Luxúria” desejo desordenado do prazer sexual, quando buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e da união (nº 2351).
“Masturbação” excitação voluntária dos órgãos genitais a fim de conseguir um prazer sexual. Ato intrínseco e gravemente desordenado (nº 2352).
“Fornicação” união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. “É gravemente contaria à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos” (nº 2353).
“Pornografia” retirar os atos sexuais, reais ou simulados, da intimidade dos parceiros para exibi-los a terceiros de maneira deliberada. Atenta gravemente contra a dignidade daquele que a pratica (nº 2354).
“Prostituição” viola a castidade à qual a pessoa comprometeu no seu batismo e mancha, seu corpo, templo do Espírito Santo. É um flagelo social. (nº 2355).
“Estupro” penetração à força na intimidade sexual da pessoa. Fere a justiça e a caridade. É sempre um ato intrinsecamente mau (nº 2356).
“Homossexualidade” sua origem psíquica continua amplamente inexplicada. “Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Gn 19,1-29 ; Rm 1,24-27; 1 Cor 6,10; 1 Tm 1,10), a tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários a lei natural. Em caso algum podem ser aprovados” (nº 2357).
São Paulo fala muitas vezes em suas cartas sobre a impureza:
“Fornicação e qualquer impureza ou avareza nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos” (Ef 5,3).
“Pois é bom que saibais que nenhum fornicário ou impuro ou avarento “que é um idolatria” tem herança no Reino de Cristo e de Deus” (5,5).
É interessante notar como o Apóstolo chama a atenção para as conversas obscenas:
“Nada de baixezas, de conversas impróprias, de palavras inconvenientes; em vez disso, ações de graça” (5,4).
E Paulo mostra o perigo também do excesso no beber: “Não vos embriagueis com vinho, que leva à luxúria, mas enchei-vos do Espírito” (5,18).
Autor: Prof. Felipe Aquino
Fonte: Cleofas