Escondendo grandes perigos por trás de coisas aparentemente pequenas e sem importância, o demônio, como quem semeia joio no meio do trigo (cf. Mt 13, 25), sabe servir-se das realidades humanas para fazer perecer o próprio homem. É assim que o Facebook, uma das redes sociais mais bem sucedidas da história, tem-se tornado uma verdadeira armadilha para a castidade de muita gente. O problema reside, de modo geral, nas chamadas “fotos de perfil”. Moças em poses provocativas, rapazes sem camisa, figuras sensuais e excitantes, tudo isso, além de poluir ainda mais o mundo virtual — saturado de pornografia —, é gatilho certo para pecarmos contra a santa pureza. Não é preciso ser lá muito sábio nem profundo conhecedor da natureza humana; todos sabemos, pois todos partilhamos da mesma inclinação para o mal, que toda imagem ou representação que de alguma forma aluda à sexualidade tem um forte impacto sobre a nossa sensibilidade, facilmente impressionável e educada somente a duras penas.
Não custa lembrar, em todo caso, que o nosso cérebro, diante de um estímulo de ordem sexual, está programado para descarregar altas doses de dopamina, um neurotransmissor intimamente relacionado com a sensação de prazer e bem-estar. A dopamina, além disso, está associada ao chamado “circuito de recompensa“, que reforça e cristaliza aqueles atos ou hábitos que mais satisfazem os desejos naturais do organismo. Ao deparar-se, pois, com uma foto provocativa (por mais “ingênua” que a queiramos julgar), o nosso cérebro está mais do que pronto para dar início a um processo estimulante que nos levará a estados de excitação sexual cada vez mais intensos e, portanto, mais difíceis de serem controlados.
Por isso, a melhor estratégia para guardarmos a castidade é evitar, com simplicidade e discrição, qualquer situação que nos coloque em ocasião de pecar contra essa virtude, inclusive as mais “leves” e “corriqueiras”, como as que nos oferecem as fotos de perfil no Facebook. Devemos resistir, sim, aos primeiros assaltos da carne tão logo os percebemos, antes que cresçam e se agigantem. Quando entrarmos na internet ou em qualquer rede social, devemos nos perguntar sinceramente: o que minha esposa, o que minha noiva ou namorada pensaria se visse o que eu costumo ver ao navegar na rede? Em que tipo de coisas, afinal, gosto de descansar ou estimular a vista? Ao olhar com mais demora para aquela moça ou aquele rapaz já não estou, segundo as palavras do Salvador (cf. Mt 5, 28), cometendo adultério em meu coração, sendo infiel com meus desejos, deixando-me arrastar mar adentro, onde serei tragado, ao fim e ao cabo, pelas vagas de sensualidade que circulam pela web?
Lembremo-nos sempre de que o olhar de Deus, puro e sem malícia, penetra nossos rins e corações (cf. Rm 8, 27). Peçamos-lhe com confiança a graça de, sendo fiéis a Ele e a quem nos foi dado por esposa ou esposo, evitarmos — com o heroísmo de quem deseja amar e entregar-se de todo — as pequenas armadilhas, a fim de escaparmos por fim às grandes quedas.