Atualmente, mais do que importante, faz-se necessário falar sobre família, sua natureza, constituição e fins. Diante de uma sociedade que perdeu o senso de verdade, que perdeu até mesmo o senso da constituição natural do homem e da mulher, é necessário entendermos o desígnio de Deus em relação à família. Por isso, por meio deste artigo, entenderemos que a família também é o lugar da pedagogia do amor.
A família no plano de Deus
O Catecismo da Igreja Católica esclarece, sem deixar dúvida, que a família é constituída por um homem e uma mulher unidos em casamentos, juntamente com seus filhos. E essa constituição de família independe do reconhecimento das autoridades públicas. Ao criar o homem e a mulher, Deus constituiu a família humana e seus membros iguais em dignidade (Cf. CIC § 2202).
São João Paulo II, na Exortação Apostólica FamiliarisConsortio, faz uma bela observação da realidade familiar, veja só: “Consciente de que o matrimónio e a família constituem um dos bens mais preciosos da humanidade, a Igreja quer fazer chegar a sua voz e oferecer a sua ajuda a quem, conhecendo já o valor do matrimónio e da família, procura vivê-lo fielmente, a quem, incerto e ansioso, anda à procura da verdade e a quem está impedido de viver livremente o próprio projeto familiar. Sustentando os primeiros, iluminando os segundos e ajudando os outros, a Igreja oferece o seu serviço a cada homem interessado nos caminhos do matrimónio e da família” (Familiaris Consortio, 1).
É Deus quem chama à existência o homem e a mulher por amor e, com isso, os chama ao amor. Deus que é plena comunhão de amor, cria o homem e a mulher à sua imagem e semelhança, dessa forma, eles são chamados a viver também a exemplo de Deus essa comunhão profunda de amar entre o homem e a mulher, podendo com isso gerar filhos, formando a família, plano do amor de Deus. Continua São João Paulo II: “A comunhão entre Deus e os homens encontra o seu definitivo cumprimento em Jesus Cristo, o Esposo que ama e se doa como Salvador da humanidade, unindo-a a Si como seu corpo” (Familiaris Consortio, 13).
A família e a sociedade
O até então Papa Paulo VI, quando escreve em um decreto sobre o apostolado leigo, deixa claro a importância da família e de seu papel na sociedade, quando diz: “A família recebeu de Deus a missão de constituir a célula primária e vital da sociedade” (n. 1373). Aqui, fica nítido a importância da família católica na sociedade. Ela é responsável por contribuir na formação de homens e mulheres para que vivam de acordo com os princípios divinos, que são descritos no decálogo e no ensinamento da Santa Igreja.
Continua o Papa Paulo VI: “Cumprirá tal missão, se ela se apresentar como santuário íntimo da Igreja pelo mútuo afeto de seus membros e pela oração feita a Deus em comum; se toda a família se inserir no culto litúrgico da Igreja […]” (n. 1373). A família realiza-se e vive a missão que lhe fora dada por Deus, quando está inserida no seio da Igreja, quando, por meio dos sacramentos, é avivada a fé de seus membros e acontece o crescimento espiritual de toda a família.
A pedagogia do amor
É no seio da família que tanto os cônjuges quanto os filhos aprendem sobre o amor, aprendem a verdadeiramente amar e respeitar uns aos outros. A esse respeito, sobre o dever dos pais, o Catecismo nos instrui assim: “A fecundidade do amor conjugal não se reduz só a procriação dos filhos, mas deve se estender à sua educação moral e à formação espiritual. ‘O papel dos pais na educação é tão importante que é quase impossível substituí-los’. O direito e o dever de educação são primordiais e inalienáveis para os pais” (CIC § 2221). Os pais cometem falta quando deixam de educar os filhos e delegam a outros para essa missão.
A pedagogia que Deus espera dos pais em relação aos filhos deve acontecer primeiramente no lar, no seio da família regido por amor, doação e atenção. Vejamos o que a Igreja nos ensina sobre isso pela boca do Papa Paulo VI: “É assim dever dos pais criar um ambiente tal de família, animado pelo amor, pela dedicação a Deus e aos homens, que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos. A família é pois a primeira escola de virtudes sociais de que precisam todas as sociedades. […] os filhos já na primeira idade devem ser ensinados segundo a fé recebida no batismo a conhecer e venerar a Deus e a amar o próximo. Aí é que fazem a primeira experiência tanto de uma sociedade humana sadia quanto na Igreja. Pela família afinal são eles gradualmente introduzidos no consórcio civil dos homens e no povo de Deus” (Gravissimum Educationis, 1506).
Acredite nos planos de Deus para as famílias
Por fim, quero destacar a belíssima alocução realizada por Pio XII em que relata a importância de famílias numerosas, e essa orientação serve especialmente para o tempo de hoje: “Exteriormente também uma família numerosa bem ordenada é qual um santuário visível: o sacramento do Batismo não é para ela um acontecimento excepcional, mas renova muitas vezes a alegria e a graça do Senhor. Ainda não se encerraram as festivas peregrinações às fontes batismais e já começam, resplandecentes de igual candura, as das crismas e primeiras comunhões. Mal o caçulinha tirou sua pequena veste branca, conservada como a mais cara lembrança de sua vida, e eis que já aparece o primeiro véu nupcial, que reúne aos pés do altar pais, filhos e novos pais. Como primaveras renovadas, suceder-se-ão outros casamentos, outros batizados, outras primeiras comunhões, perpetuando por assim dizer, no lar, as visitas de Deus e de sua graça” (Alocução de Pio XIIsobre as famílias numerosas, 15).
Queridos, não tenhamos medo do plano de Deus para as famílias, nos lancemos na vontade de Deus, que quer sempre a nossa salvação. Por isso, vale todo e qualquer esforço para cumprir os desígnios de Deus. A pedagogia do amor se concretizará dentro de uma família, acima de tudo, temente a Deus e praticante da sua Palavra. Que Deus abençoe cada família e faça frutificar cada vez mais a sua graça.