Um grande número de igrejas católicas foram incendiadas na França nos últimos anos. Alguns parecem ser acidentais, mas suspeita-se que outros tenham sido deliberados. Ambos resultaram em danos e ferimentos históricos para uma população com problemas de identidade. O incêndio na igreja de Saint-Pierre em Nantes, cuja construção gótica começou em 1434 para substituir a catedral românica anterior e foi declarada monumento nacional pelo governo francês em 1862, atraiu atenção. Em abril passado, sofreu muitos danos com o fogo. As autoridades suspeitam que o incidente foi provocado. A igreja de Saint-Jacques em Rouen, Normandia, fundada no início do século XII, foi parcialmente destruída em setembro passado e os investigadores encontraram evidências de um incêndio deliberado. Soma-se a isso o incêndio na Catedral de Notre-Dame, em Paris, em 2019, que mostrou a vulnerabilidade dos espaços sagrados na França ao fogo.
Em 2 de setembro de 2024, a sacristia da Igreja da Imaculada Conceição foi incendiada às 4 da manhã na Place de la Ghière, em Saint-Omer, uma pequena cidade francesa localizada perto de Pas-de-Calais, no norte do país. Suspeita-se que tenha sido provocado. A igreja de Saint-Hilaire-le-Grand em Poitiers, que remonta ao século X e está listada como Patrimônio Mundial da UNESCO, foi vandalizada na quinta-feira, 3 de outubro de 2024, e incendiada, causando “danos materiais consideráveis”. A esses exemplos se soma um incêndio de grandes proporções na sacristia da igreja de Saint-Pierre-Saint-Paul, no bairro de Wazemmes, em Lille, em maio de 2021. As causas dos incêndios variam. Pesquisas mostram o peso da idade da infraestrutura. Mas por que incêndios não acontecem em outros países que têm templos tão antigos, até mesmo feitos dos mesmos materiais? Era notória a falta de cuidado na manutenção, embora essa fragilidade pareça mais perceptível na França, o país que mais recebe turistas no mundo.
As suspeitas de incêndio criminoso apontam para problemas sociais como o crescente secularismo, o sentimento anticatólico, o aumento da imigração muçulmana e as tensões dentro de uma população com culturas e crenças diversas. Os atos de profanação tocam o cerne da herança católica da França, colocando em questão o comprometimento das autoridades em preservar suas raízes cristãs. O bispo Marc Aillet de Bayonne descreveu os incêndios como “um ataque ao tecido espiritual da nossa nação” e pediu maior proteção para a restauração. Os fiéis católicos responderam com resiliência e ação. Organizações seculares também arrecadam fundos para reparos e fazem lobby junto ao governo para a proteção desses monumentos. Quais são os remédios disponíveis? É necessária uma combinação de vigilância, investimento e educação. Aumentar o financiamento para manutenção do templo é o primeiro passo. Muitos edifícios têm séculos de existência e precisam urgentemente de reforços estruturais e medidas de proteção contra incêndio. Melhorar os sistemas de segurança e vigilância impedirá incendiários.
Mas o cultivo cultural e espiritual deve ser acrescentado. A França, a “Filha Mais Velha da Igreja” nos tempos antigos, precisa harmonizar o crescente secularismo com o respeito pela herança católica. A educação na valorização dos fundamentos históricos e espirituais ajudará no cuidado dos espaços sagrados. A Igreja tem um papel a desempenhar ao convidar as comunidades locais a cuidar dos edifícios, não apenas como museus, mas como centros vivos de fé, que, se vistos, são apenas relíquias do passado. Promover cultos, reuniões comunitárias e eventos culturais com significado cristão ajudará muito.