A perseguição ao regime de Daniel Ortega fere constante e sistematicamente a Igreja Católica na Nicarágua. Um exemplo foi a declaração de ilegalidade e confisco de bens de mais de dez organizações, incluindo os Escoteiros e a Fraternidade Missionária Fiat de Maria, segundo o Vatican News.
No dia 27 de Fevereiro, o Ministério do Interior decretou a extinção da personalidade jurídica de dez associações sem fins lucrativos, alegando violações e irregularidades na apresentação das demonstrações financeiras. A inscrição na Universidade de Administração e Comércio ‘María Guerrero’ também foi cancelada.
Em contraste com a eliminação sistemática das associações católicas e cristãs, a esposa do presidente Daniel Ortega emitiu uma mensagem de palavras afetuosas no dia 7 de março para felicitar o cardeal nicaragüense e arcebispo de Manágua, Leopoldo Brenes, pelo seu 75º aniversário, que coincide com a apresentação de sua renúncia ao Papa por atingir a idade canônica de aposentadoria.
É curioso que a vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, tenha intervindo em resposta a estes dados eclesiásticos, quando há anos realiza ataques e barreiras contra a Igreja Católica. Detalhe diplomático ou insistência para que o cardeal desapareça? Neste contexto, vale lembrar a declaração de representantes da vida consagrada nicaraguense, reunidos clandestinamente em uma das cidades do país, onde denunciaram o governo de Ortega e Murillo com palavras fortes: “A repressão, espionagem e perseguição de que somos vítimas reafirma que Jesus e seu Evangelho não são politicamente neutros.
A Igreja tem um papel determinante na denúncia social e tem demonstrado isso, desde o início da crise, há seis anos, a sua voz autoritária e a sua capacidade de chegar a milhares de pessoas que vêem uma entidade iluminadora e diretiva. Significa para a Igreja uma verdadeira responsabilidade e compromisso com a sociedade que serve”. Esta declaração de um sector ferido talvez ultrapasse os limites da prudência, pois a História da Igreja ensina que, na perseguição, a fé e a paciência devem prevalecer sobre o confronto e o radicalismo. Outra informação sobre obstáculos à vida cristã ocorreu no dia 16 de janeiro, com a declaração de rebelião de 16 ONGs, das quais dez tinham selo cristão.