O itinerário de Agostinho na busca da Verdade

Celebramos hoje, com grande alegria, a memória do grande Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja. 

É difícil encontrarmos na história do cristianismo um Doutor da estatura de Santo Agostinho, que influenciou universalmente a fé cristã e mudou o curso da história da Igreja Católica. Apenas São Paulo pode ser comparado a ele, pois sendo Apóstolo, místico e teólogo, deixou-nos por inspiração divina as suas Cartas e, com isso, foi um farol para a Igreja, que acolheu seus escritos na Sagrada Escritura.

Até mesmo Santo Tomás de Aquino, grande Doutor, foi fortemente influenciado por Santo Agostinho. Ele mudou o destino da história da Igreja porque sua conversão serviu para mostrar que a busca sincera da verdade é o processo pelo qual Deus guia todas as almas.

Agostinho usa no seu livro das “Confissões” uma expressão de Plotino, um filósofo neoplatônico, adaptando-a ao cristianismo: “in regione dissimilitudinis”, ou seja, nós, quando percebemos a necessidade da conversão, estamos “em uma região da dessemelhança”, longe da verdade. Então, com o coração inquieto, partimos em busca da verdade.

O coração inquieto de Agostinho já era movido pela graça, embora fosse pagão, vivendo no pecado e longe dos sacramentos, da doutrina e da vida da graça. Deus o chamava, e ele ainda não sabia. Assim, buscando a verdade em uma vida cheia de paixões desordenadas, ele recebeu o último “golpe de misericórdia” da graça de Cristo e converteu-se por meio da pregação de Santo Ambrósio. 

O caminho da busca pessoal pela verdade fez com que Agostinho, Doutor, desenvolvesse um itinerário que se aplica tanto à filosofia quanto à teologia, de tal forma que deixou todos os alicerces necessários para o desenvolvimento do conhecimento teológico nos próximos milênios. Para termos uma ideia, na época de Santo Tomás de Aquino, quase mil anos depois, qualquer citação de Agostinho era capaz de terminar uma discussão, devido à estatura desse grande Doutor. 

Portanto, peçamos a Deus a graça de, como Agostinho, partirmos das lonjuras para a proximidade de Nosso Senhor e, neste longo itinerário na direção de Deus, descobrirmos a grande verdade que ele canta de forma poética e extraordinária no seu livro das Confissões: “Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei, eu te buscava fora e estavas dentro”.


Autor: Pe. Paulo Ricardo