A Solenidade da Assunção da Virgem Maria
A Igreja celebra no dia 15 de agosto a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora aos Céus. Devido a sua importância no Brasil esta Solenidade é celebrada no domingo depois do dia 15, caso o dia 15 não caia em domingo, como vemos neste ano que celebramos no dia 20 do mesmo mês.
Esta solenidade recorda a subida gloriosa da Bem-Aventurada Virgem Maria aos Céus. A Igreja nos ensina que, após Maria ter morrido, ela foi imediatamente elevada ao Céu em corpo e alma, sem sofrer a corrupção da carne.
Desde os primeiros séculos a rica Tradição da Igreja reconheceu a gloriosa Assunção de Nossa Senhora. Em seus primórdios a festa celebrada recebia a denominação de “Dormição”, fazendo referência à suavidade de seu falecimento. Esta festa foi oficializada para os católicos do oriente no século VII com o edito do imperador bizantino Maurício, e em Roma no ano de 687 pelo Papa Sérgio I, que em procissão, foi até a Basílica de Santa Maria Maior, celebrar o Santo Ofício. A partir do século VIII, o nome “Dormição” deu lugar ao nome “Assunção”, tornando mais explícito o significado da solene celebração. É importante lembrar que, o que celebramos nesse dia é a “assunção” e não “ascensão”, porque Maria, ao contrário de seu Filho Jesus, não subiu ao céu por seu próprio poder, mas sim pelo poder de Deus. Não subiu, foi elevada pelos méritos em seu Filho. Jesus sim, subiu, ascendeu-se ao céu. São João Paulo II citando São Francisco de Sales, disse em sua Catequese de 25 de junho de 1997 que: “A morte de Maria se tenha verificado como efeito de um transporte de amor”. Ela que recebeu em seu ventre puríssimo o próprio Amor, foi assunta ao céu por esse mesmo Amor.
Apesar de ser celebrado desde os primórdios da Igreja, o Dogma da Assunção de Maria foi proclamado somente no dia 1º de novembro de 1950, pelo Papa Pio XII, como vemos na Constituição Apostólica ‘Munificentissimus Deus’, parágrafo 3 que diz:
“A Igreja sempre reconheceu esta grande liberalidade e a perfeita harmonia de graças, e durante o decurso dos séculos sempre procurou estudá-la melhor. Nestes nossos tempos refulgiu com luz mais clara o privilégio da assunção corpórea da Mãe de Deus”. Nesse mesmo documento vemos esclarecido aquilo que São Paulo vai dizer em sua Carta aos Coríntios 1Cor 15,20-27 quando o Papa escreve: “Cristo com a própria morte venceu a morte e o pecado, e todo aquele que pelo batismo de novo é gerado, sobrenaturalmente, pela graça, vence também o pecado e a morte. Porém Deus, por lei ordinária, só concederá aos justos o pleno efeito desta vitória sobre a morte, quando chegar o fim dos tempos. Por esse motivo, os corpos dos justos corrompem-se depois da morte, e só no último dia se juntarão com a própria alma gloriosa. Mas Deus quis excetuar dessa lei geral a bem-aventurada virgem Maria. Por um privilégio inteiramente singular ela venceu o pecado com a sua concepção imaculada; e por esse motivo não foi sujeita à lei de permanecer na corrupção do sepulcro, nem teve de esperar a redenção do corpo até ao fim dos tempos” (página 2, parágrafos 4 e 5). No Ano de 749 São João de Damasco escreve: “Era necessário que aquela que, no parto, havia conservado ilesa sua virgindade, conservasse também sem corrupção alguma, seu corpo depois da morte. Era preciso que aquela que havia trazido no seio o Criador feito menino habitasse nos tabernáculos divinos. Era necessário que aquela que tinha visto o Filho sobre a cruz, recebendo no coração aquela espada das dores das quais fora imune ao dá-Lo à luz, O contemplasse sentado à direita do Pai. Era necessário que a Mãe de Deus possuísse aquilo que pertence ao Filho e fosse honrada por todas as criaturas como Mãe de Deus”. Sendo a mãe de Deus (Jesus) o qual a igreja proclama cem por cento Deus e cem por cento homem, podemos afirmar que a carne de Jesus e a de Maria são a mesma carne, e por esse fato, a carne de Maria devia ter a mesma glória que teve a de seu Filho.
Concluímos que apoiada na Sagrada Escritura, na Doutrina em concordância com o Magistério, com o Testemunho dos Santos Padres, dos Teólogos e da Liturgia celebrada ao longo dos séculos, a Igreja nos apresenta o sentido mais profundo em que somos chamados a celebrar esta grande Solenidade da Assunção de Nossa Senhora.
Somos chamados a celebrar esta grande Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, que consiste em nos mostrar que, não apenas o corpo morto da Santa Virgem Maria não sofrera corrupção, mas o triunfo que ela alcançou sobre a morte e a sua celeste glorificação, a exemplo de seu Unigênito, Jesus Cristo, e ainda confia firmemente que a celebração desta solenidade seja de grande proveito para a humanidade inteira, porque reverte em glória da Santíssima Trindade, a qual a Virgem Mãe de Deus está ligada com laços muito especiais.
É de esperar também que todos os fiéis cresçam em amor para com a Mãe Celeste, e que os corações de todos os que se gloriam do nome de cristãos, se movam a desejar a união com o Corpo Místico de Jesus Cristo, e que aumentem no amor para com aquela que tem amor de Mãe para com os membros do mesmo Augusto Corpo. E é lícito esperar que, ao meditarem nos exemplos gloriosos de Maria, mais e mais se persuadam todos do valor da vida humana, se for consagrada ao cumprimento integral da vontade do Pai Celeste e a procurar o bem do próximo. Enquanto o materialismo e a corrupção de costumes que dele se origina ameaçam subverter a luz da virtude, e destruir vidas humanas, suscitando guerras, é de esperar ainda, que este luminoso e incomparável exemplo, posto diante dos olhos de todos, mostre com plena luz qual o fim a que se destinam a nossa alma e o nosso corpo.
E finalmente, esperamos que a fé na assunção corpórea de Maria ao céu torne mais firme e operativa a fé na nossa própria ressurreição. (Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, página 11,parágrafo 42). Ajudando-nos a crescer na fé para continuar nossa trajetória peregrinando nesta terra, na viva esperança de alcançarmos a ressureição da carne e a vida eterna no céu junto à Santíssima Trindade e nossa Mãe, Maria Santíssima.
Cleunice Eleuterio
Missionária Comunidade Presença