Por meio da oração do terço, contemplamos os mistérios da vida de Jesus

Por meio da oração do terço, contemplamos os mistérios da vida de Jesus, momentos fundamentais que marcaram a sua vida pública e que são o centro de nossa fé. Com a reza do terço, homenageamos Nossa Senhora lhe oferecendo rosas, e contemplamos os mistérios da vida de Jesus. O católico deve sempre “trazer” o terço no bolso de sua calça ou na bolsa, ou na mochila, para que sempre que possível rezarmos a Nossa Senhora que sempre nos acompanha.

As paróquias costumam ter o grupo do terço dos homens ou das mulheres. Quem sabe podemos participar dessas pastorais ao longo desse mês de maio, junto com a nossa família, e se possível, mesmo após o mês Mariano, continuar nesses grupos. Muitos desses grupos surgiram a partir do mês dedicado ao Rosário. É muito bom ver esses grupos se reunindo para rezar. Precisamos fortalecer esses grupos em nossas paróquias e convidar amigos, vizinhos e parentes.

É um pio costume poder reunir-se, meia hora antes da celebração da Santa Missa, para a reza do terço. Na última 60ª Assembleia Geral da CNBB, nós, os bispos católicos, nos reunimos às 18h para a récita em coro do terço de Nossa Senhora Aparecida antes da missa diária no Santuário Nacional.

A história do rosário se perde no tempo. Segundo tradições os monges contavam os 150 salmos com pedrinhas. Outros dizem que quando começam as missões ficou difícil a oração diária dos 150 salmos (os livros eram enormes) e acabaram passando para as ave marias e pai nosso (150 até pouco tempo).

Uma outra tradição diz que o Rosário surgiu em meados do século IX, na Irlanda. Na época, era uma das formas de oração mais usadas pelos monges. Atualmente, o Rosário contém 200 Ave-Marias e contempla todos os mistérios da vida de Cristo Jesus. Já o terço contém 50 Ave-Marias, intercaladas por um Pai Nosso.

Em 1202, o Papa Inocêncio III deu a São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Dominicanos, a missão de ir até a França para lutar contra a heresia albigense. Passados seis anos de missão, São Domingos não conseguiu grandes feitos e, tomado por esse sentimento, dirigiu-se até um bosque para rezar, chorar e suplicar a Nossa Senhora um instrumento espiritual eficaz para vencer essa batalha.

Depois de três dias, Nossa Senhora aparece a São Domingos acompanhada de três de anjos e diz a São Domingos que a melhor forma de vencer aquela batalha era rezando o saltério angélico, que hoje conhecemos como o terço. A missão de São Domingos era difundir o saltério angélico para as pessoas, que consistia na saudação do Anjo a Maria: “Ave, cheia de graça”. A partir de então, São Domingos difundiu a devoção ao terço, na época chamado de Saltério da Bem-Aventurada Virgem Maria.

Passados alguns anos, Nossa Senhora volta a aparecer ao beato Alano de Rupe, também da Ordem de São Domingos (Dominicanos), para pedir-lhe que retome o entusiasmo pela reza do Santo Terço. Alano então criou as agrupações de 50 Ave-Marias e acrescentou o Pai-Nosso no início de cada dezena. Por volta de 1700, São Luiz Maria Grignion de Monfort propõe praticar reflexões a cada dezena da Ave-Maria, assim surgem os mistérios do Terço.

Muitas pessoas alegam que não têm tempo para rezar o terço. Mas você poderá rezar o terço no transporte coletivo público, no metrô, no trem, na van ou no ônibus. Basta concentrar-se, retirar-se das preocupações cotidianas por um tempo, e rezar o terço de Nossa Senhora. Faça esta experiência bendita!

A oração do terço é bem antiga e é uma revelação particular muito expressiva. Aos poucos, essa oração foi sendo estruturada até chegarmos ao que temos hoje, como tudo na Igreja e na vida, sempre precisa de ajustes e aperfeiçoamento. Que possamos manter essa tradição da reza do terço e conseguir muitas graças para nós e nossas famílias.


Autor: Cardeal Orani João Tempesta – Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)