A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou sua Mensagem de Natal com o convite a “renovar a esperança”. Olhando o contexto atual, “marcado por conflito, injustiça e morte”, os bispos veem o Natal como inspiração para reafirmar valores evangélicos fundamentais: a conversão, a paz, a justiça e a solidariedade.
Com o Natal, afirmam os bispos, Deus ensina “que, mesmo em meio às dores e desafios, há sempre uma luz que aponta o caminho: “Nasceu-nos um menino, um filho nos foi dado” (Is 9,5). Ele é nosso Salvador e Redentor; é a Paz oferecida aos homens e mulheres de boa vontade (Lc 2,14)”.
No texto, são recordados alguns temas importantes na atuação da Conferência Episcopal, como o respeito à vida e a dignidade da pessoa humana desde a concepção até seu fim natural; os clamores dos povos indígenas e tradicionais; e a proteção da vida de lideranças comunitárias e de mulheres, jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade. Os bispos também lançam o olhar para os desafios climáticos, para a necessidade de reafirmar o valor da democracia e do Estado Democrático de Direito e para o mundo do trabalho.
Na mensagem, há o convite é à solidariedade:
“O Natal expressa a solidariedade de Deus para com a humanidade. Esta solidariedade nos inspira a olhar com amor para os idosos, doentes, encarcerados, crianças sem lar, migrantes e pobres. Cada gesto de amor e cuidado é uma semente de esperança e uma oportunidade para construir um Brasil mais justo e fraterno, completamente livre da fome”, afirmam os bispos.
Às vésperas da abertura do Jubileu Ordinário de 2025, os bispos ressaltam a esperança, escolhida pelo Papa Francisco como tema do Ano Santo:
“A estrela do Natal e o Papa Francisco nos convidam a “esperançar” nosso povo, de forma dinâmica e não passiva, promovendo a vida em todas as suas formas e dimensões. A simplicidade do presépio nos recorda nossa vocação e missão: cuidar uns dos outros, como guardiães, e colaborar na construção de um mundo onde a paz seja o fundamento das relações e o diálogo amoroso ilumine as escolhas e decisões”.
Os bispos motivam iniciar o Jubileu de 2025, “como cultivadores diligentes das sementes do Evangelho, para que fermente na humanidade a espera confiante de novos céus e nova terra”.
Confira a mensagem na íntegra
É Natal! Tempo de renovar a esperança!
Deus assumiu rosto humano, deixando-se envolver pelos panos da fragilidade e nos convidando a contemplar a grandeza do amor na simplicidade da manjedoura. Ele nos ensina que, mesmo em meio às dores e desafios, há sempre uma luz que aponta o caminho: “Nasceu-nos um menino, um filho nos foi dado” (Is 9,5). Ele é nosso Salvador e Redentor; é a Paz oferecida aos homens e mulheres de boa vontade (Lc 2,14).
Neste tempo marcado por conflito, injustiça e morte, o Natal nos inspira a reafirmar valores evangélicos fundamentais: a conversão, a paz, a justiça e a solidariedade. Natal é festa da vida e da família. Por isso, é tempo de trabalhar por um mundo em que cada pessoa tenha sua vida e dignidade respeitadas, e suas necessidades atendidas, desde sua concepção até seu fim natural.
No Brasil, os clamores de muitos povos chegam aos céus. Os povos indígenas e tradicionais nos lembram da importância de cuidar da terra e de honrar nossa dívida histórica. Precisamos construir um futuro sustentável, solidário e que garanta o bem viver a todos. A convivência no campo deve ser pautada pela fraternidade, e não por conflitos. Proteger a vida de lideranças comunitárias, mulheres, jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade é essencial para construir um país que valorize e promova a dignidade humana.
Os desafios climáticos e sociais nos chamam à ação. A Casa Comum, nosso lar, pede cuidado urgente. Cada gesto de proteção ao meio ambiente e aos nossos irmãos e irmãs mais necessitados é um testemunho concreto do amor de Deus que habita em nosso meio.
É fundamental reafirmar o valor da democracia e do Estado de Direito. Os episódios recentes, que tentaram desestabilizar nossas instituições, são inaceitáveis. Eles nos alertam para o compromisso com a justiça, o diálogo e a paz social. Defender a democracia é defender o amor ao Brasil e aos valores que sustentam uma convivência harmoniosa e plural, mas sempre pautada na Constituição Federal. O verdadeiro patriotismo está em proteger os direitos de todos, especialmente dos mais vulneráveis, construindo juntos um futuro de esperança.
O mundo do trabalho, base para a dignidade humana, precisa de atenção especial. Que possamos buscar um modelo de economia que valorize e inclua, onde cada pessoa tenha oportunidades dignas de sustento e realização.
O Natal expressa a solidariedade de Deus para com a humanidade. Esta solidariedade nos inspira a olhar com amor para os idosos, doentes, encarcerados, crianças sem lar, migrantes e pobres. Cada gesto de amor e cuidado é uma semente de esperança e uma oportunidade para construir um Brasil mais justo e fraterno, completamente livre da fome.
A estrela do Natal e o Papa Francisco nos convidam a “esperançar” nosso povo, de forma dinâmica e não passiva, promovendo a vida em todas as suas formas e dimensões. A simplicidade do presépio nos recorda nossa vocação e missão: cuidar uns dos outros, como guardiães, e colaborar na construção de um mundo onde a paz seja o fundamento das relações e o diálogo amoroso ilumine as escolhas e decisões.
Como “Peregrinos de Esperança”, iniciemos o Jubileu da Encarnação de Nosso Senhor, como cultivadores diligentes das sementes do Evangelho, para que fermente na humanidade a espera confiante de novos céus e nova terra.
Que Nossa Senhora Aparecida reavive em nós a chama da caridade e prepare o nosso coração para acolher seu Filho, Jesus Cristo, Luz das nações e Príncipe da paz!
Feliz Natal e um Ano Novo pleno de esperança, paz e fraternidade!
Cardeal Jaime Spengler
Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre – RS
Presidente da CNBBDom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo da Arquidiocese de Goiânia – GO
1º Vice-Presidente da CNBBDom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife – PE
2º Vice-Presidente da CNBBDom Ricardo Hoepers
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília – DF
Secretário-Geral da CNBB