Santa Escolástica e a força da oração

Conhecemos Santa Escolástica a partir da vida de São Bento, seu irmão gêmeo. Ambos morreram no mesmo ano, em 547, com pouca diferença de datas. E ambos eram religiosos.

O que a memória conservou da santa beneditina foi seu último encontro com São Bento, um momento cheio de afeto fraternal. Louvaram ao Senhor e participaram de uma ceia.

Mas chegada a hora de São Bento retornar ao seu mosteiro, Escolástica pediu para que ele permanecesse com ela por mais tempo, a fim de conversarem ainda mais e aproveitarem a presença um do outro.

No entanto, o abade respondia-lhe não ser conveniente ele passar a noite fora de seu mosteiro. Foi aí que aconteceu o único milagre conhecido da santa.

Ocorreu da seguinte maneira: entristecida Escolástica com a recusa do irmão em permanecer com ela por mais algum momento em sua companhia, a santa baixou a cabeça, apoiando-se sobre suas mãos cruzadas na mesa, e suplicou a ajuda de Deus.

O céu estava sereno e não se avistava uma só nuvem, mas logo começou a chover tão fortemente, com raios e trovões, que São Bento e seus monges não conseguiram ir embora. O santo patriarca sabia o motivo daquela tempestade.

Perguntou o santo à irmã: “O que fizeste? Pedi para que ficaste e não querias me atender, supliquei, então, ao meu Senhor e Mestre e ele me ouviu”, disse-lhe Escolástica. O santo permaneceu no local até o dia seguinte, quando a chuva cessou. Passaram toda a noite em colóquios espirituais.

Isso demonstra que a oração tem força e quando pedimos com fé Deus sempre nos atende. Parece fútil e egoísta a oração de Escolástica, apenas para que o irmão pudesse ficar com ela mais tempo que o de costume. Mas ela previra sua morte se aproximar e queria aproveitar o máximo possível com seu único e santo irmão.

Recordando este episódio, é muito comum os monges visitarem os mosteiros das monjas no dia de Santa Escolástica, em 10 de fevereiro, para celebrar sua memória. Como o colóquio santo entre os dois irmãos, os religiosos ainda hoje sabem aproveitar os momentos de confraternura.

Autor: Dom João Baptista Barbosa Neto, OSB

Fonte: A12