SANTA JOSEFINA BAKHITA, TESTEMUNHO DE UM CORAÇÃO ABRASADO DE AMOR E ESPERANÇA

SANTA JOSEFINA BAKHITA, TESTEMUNHO DE UM CORAÇÃO ABRASADO DE AMOR E ESPERANÇA 

“Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.” (Romanos 8,28)

 Esses dizeres da Carta que São Paulo direcionada à Comunidade de Roma, no 28° versículo do 8° capítulo, resume com clareza os sentimentos do coração desta grande mulher, hoje santa, elevada aos nossos altares, segundo os desígnios de Deus.

Irmã Josefina Bakhita nasceu no Sudão, país da África, no ano 1869, e morreu em Schio na Itália, no dia 08 de Fevereiro de 1947.

 Aos nove anos de idade foi sequestrada por mercadores de escravos, em seu país natal, no ano 1878. Tamanho foi o trauma das violências física e psíquica sofridas, que a criança foi acometida de lapsos de memória, esquecendo-se assim de seu próprio nome e de seus pais, com quem vivia.

 Por não lembrar-se com clareza de quem era, os traficantes passaram, sarcasticamente a chamá-la “Bakhita“, que quer dizer “Afortunada”, ironizando o sofrimento e pobreza de uma “Mercadoria” que agora passa como que, de mão em mão, aguardando ser considerada útil para algum “dono” ou “patrão”.

 As torturas que a jovem sofria eram tão cruéis que, um dia durante o serviço prestado a um general turco,  marcaram o seu corpo com cento e quatorze cortes, e cobriram as feridas de sal para que ficassem evidentes.

  A jovem escrava sofreu nestas condições por aproximadamente dez anos, até que um dia, um Cônsul italiano, Calixto Legnani, comprou-a dos criminosos. Foi vestida com roupas limpas e sentiu a dignidade de Pessoa.

 Dois anos depois, o italiano que a comprara se viu obrigado a deixar a África e voltar para a Europa por motivos políticos. Em escritos a respeito deste fato, colocam na boca da santa esta declaração: “Ousei pedir-lhe que me levasse à Itália com ele”. E ele consentiu. Pouco tempo depois a jovem sudanesa assumiu o novo no outro Continente.

 Quando na Itália chegaram, pressionado pelos pedidos de um casal amigo da família, os Michieli; Legnani cede a africana para morar com os amigos e se tornar a babá e posteriormente amiga da filha do casal, que acabara de nascer.

A nova família adquiriu um grande empreendimento, o que se fez necessário o auxílio de  vários trabalhos da esposa de Michieli junto do marido, dona Maria Turina, e por isso precisou se mudar, por alguns meses, para a região da empresa. Confiou sua filha e sua ama (babá) aos cuidados da Congregação das Irmãs Canossianas do Instituto dos Catecúmenos de Veneza. E lá a ex-escrava conheceu o Deus que desde tenra idade, sentia no coração sem saber quem Ele era.

Após alguns meses de Catecumenato, recebeu os Sacramentos da Iniciação Cristã e o nome de Josefina.

Quanto mais o tempo passava, mais consciência tinha, de como aquele Deus, que agora conhecia e amava, foi conduzindo os seus passos e sua história, para que ela pudesse encontrá-Lo.

Quando dona Maria regressou da viagem e foi ao encontro da filha e da babá, esta última, manifestou o desejo de permanecer junto das Irmãs Canossianas, para servir a este Deus que lhe havia dado tantas e profundas provas de seu Amor Eterno.

Aprofudando-se ainda mais no conhecimento e na vivência da vida sacramental, sentiu com clareza e força o chamado para a vida religiosa e doar-se totalmente ao Senhor onde Ele mesmo se encarregou de conduzi-la.

No dia 08 de Dezembro do ano 1896, se consagrou definitivamente ao seu Senhor, o Deus, que carinhosa e amorosamente chamava de “o Meu Patrão”.

Serviu por aproximadamente 50 anos, como cozinheira, bordadeira, sacristã, responsável pelo guarda-roupas, e porteira. Era conhecida e carinhosamente chamada pelos adultos de “Irmã Morena”, e pelas crianças de “Irmã de Chocolate”, devido sua pele negra contrastante à das outras Irmãs de pele clara.

Sua humildade, simplicidade, e sorriso doce, conquistaram a todos que conviviam no Instituto: jovens, adultos e crianças. Outro fato marcante de sua vida, era o desejo e amor com que queria que Jesus fosse conhecido e amado. Ela dizia: “Sede bons. Amai a Deus! Rezai por aqueles que não O conhecem. Se soubésseis que grande graça é conhecer a Deus!”

No tempo de sofrimento reviveu a agonia dos terríveis anos de escravidão. A “Grande Senhora” foi quem a libertou dos sofrimentos, suas últimas palavras foram destinadas à Virgem Maria, quando clamava por ela: “Nossa Senhora! Nossa Senhora!”, e seu último sorriso testemunhou o encontro definitivo com a Mãe de Jessus.

Faleceu na Casa do Instituto em Schio, deixando um legado de Amor e Esperança para todos aqueles que conviveram com ela, e também para aqueles que só a conhecerem a partir de então.

É reconhecida como padroeira dos escravos e intercessora dos sequestrados, e é a padroeira do Sudão (África).

Santa Josefina Bakhita, rogai por nós!


Autora:  Cristiane Carneiro Marques – Missionária Comunidade Católica Presença
Referências:
Canossianas – Congregação dos Filhos e Filhas da Caridade
Martirológio Romano
Livro “Santos de cada dia” – José Leite, SJ [Editorial A.O. Braga, 2003]
https://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20001001_giuseppina-bakhita_po.html#:~:text=A%208%20de%20dezembro%20de,ocupa%C3%A7%C3%B5es%20na%20casa%20de%20Schio
https://santo.cancaonova.com/santo/santa-josefina-bakhita/