Santa Rita de Cássia

Santa Rita de Cássia era filha única. Nasceu em maio do ano de 1381, nas montanhas em Roccaporena, perto de Cássia, região da Umbria, Itália. Era filha de Antônio Mancini e Amata Ferri, casal de muita oração e do qual todos gostavam. Não sabiam ler nem escrever, mas ensinaram à filha tudo sobre a fé em Jesus e Nossa Senhora. Eles contavam a ela também histórias de vida de muitos santos e santas, o que muito contribuiu para sua formação.

Rita teria desejado ser monja, todavia ainda jovem (aos 13 anos) os pais, já idosos, a prometeram em casamento a Paulo Ferdinando Mancini, um homem conhecido pelo seu caráter iroso e brutal. Santa Rita, habituada ao dever não opôs resistência e se casou com o jovem oficial que comandava a guarnição de Collegiacone, presumivelmente entre os 17-18 anos, isto é, em torno aos anos 1387-1388.

Do casamento entre Rita e Paulo nasceram dois filhos gêmeos; Giangiacomo Antonio e Paulo Maria que tiveram todo o amor, a ternura e os cuidados da mãe. Rita conseguiu com o seu doce amor e tanta paciência a transformar o caráter do marido, o fazendo ser mais dócil.

Tiveram dois filhos, e ela buscou educá-los na fé e no amor. Porém, eles foram influenciados pelo pai, que antes de se casar se apresentava com uma boa índole, mas depois se mostrou fanfarrão, traidor, entregue aos vícios. E seus filhos o acompanharam.

Rita então, chorava, orava, intercedia e sempre dava bom exemplo a eles. E passou por um grande sofrimento ao ver o marido assassinado e ao descobrir depois que os dois filhos pensavam em vingar a morte do pai. Com um amor heroico por suas almas, ela suplicou a Deus que os levasse antes que cometessem esse grave pecado. Pouco tempo mais tarde, os dois rapazes morreram depois de preparar-se para o encontro com Deus.

Sem o marido e filhos, Santa Rita entregou-se à oração, penitência e obras de caridade e tentou ser admitida no Convento Agostiniano em Cássia, fato que foi recusado no início. No entanto, ela não desistiu e manteve-se em oração, pedindo a intercessão de seus três santos patronos – São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolas de Tolentino – e milagrosamente foi aceita no convento. Isso aconteceu por volta de 1441.

Seu refúgio era Jesus Cristo. A santa de hoje viveu os impossíveis de sua vida se refugiando no Senhor. Rita quis ser religiosa. Já era uma esposa santa, tornou-se uma viúva santa e depois uma religiosa exemplar. Ela recebeu um estigma na testa, que a fez sofrer muito devido à humilhação que sentia, pois cheirava mal e incomodava os outros. Por isso teve que viver resguardada.

Rita de Cássia, a santa das causas impossíveis e do perdão, deixou-nos um legado de fé e perseverança, transmitido por sua vida de amor ao próximo e ao Senhor. Dedicada a Cristo e Seus ensinamentos, foi Seu instrumento para a realização de muitos milagres. Por sua devoção e espiritualidade, recebeu o estigma que a acompanhou durante toda a vida e lhe permitiu compartilhar com Jesus as dores de Sua Paixão.

Santa Rita, modelo de humildade e bondade, viveu o Evangelho a tal extremo que foi capaz de perdoar os assassinos de seu marido e de orar por eles. Conheçamos, nestes tempos de individualismo e guerras, a história daquela que praticou e defendeu o maior ensinamento do Senhor: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”

Para Rita os últimos 15 anos de sua vida foram de sofrimento sem trégua. A sua perseverança na oração a levava a passar até 15 dias correntes na sua cela “sem falar com ninguém se não com Deus”, além do mais usava também o cilicio que lhe dava tanto sofrimento, submetia o seu corpo a muitas mortificações: dormia no chão até que se adoentou e assim ficou até os últimos anos da sua vida.

Cinco meses antes da morte de Rita, um dia de inverno com a temperatura rígida e um manto de neve cobria tudo, uma parente lhe foi visitar e antes de ir embora perguntou à Santa se Ela desejava alguma coisa, Rita respondeu que teria desejado uma rosa da sua horta. Quando voltou a Roccaporena a parente foi à horta e grande foi a sua surpresa quando viu uma belíssima rosa, a colheu e a levou a Rita.

Assim Santa Rita foi denominada a Santa da “Rosa” e dos impossíveis. Santa Rita antes de fechar os olhos para sempre, teve a visão de Jesus e da Virgem Maria que a convidavam no Paraíso. Uma monja viu a sua alma subir ao céu acompanhada de Anjos e contemporaneamente os sinos da igreja começaram a tocar sozinhos, enquanto um perfume suavíssimo se espalhou por todo o Mosteiro e do seu quarto viram uma luz luminosa como se fosse entrado o Sol. Era o dia 22 de Maio de 1447. Santa Rita de Cássia foi beatificada 180 anos depois da sua subida aos céus e proclamada Santa após 453 anos da sua morte.

A primeira Igreja dedicada a Santa Rita erigida no Rio de Janeiro foi em 1710.

No nordeste do Brasil, na cidade de Santa Cruz, Rio Grande do Norte, ela é sua padroeira, inclusive lá está a maior estátua católica do mundo, com 56 metros de altura. Santa Rita é considerada a Madrinha dos sertões. Em Minas Gerais existe a Cidade de Cássia que Santa Rita também é a padroeira, e seu aniversário é no dia 22 de maio também.

São João Paulo II sobre Santa Rita de Cássia

Por ocasião do IV centenário do nascimento de Santa Rita de Cássia, o Papa São João Paulo II escreveu uma carta onde cita a seguinte frase: “Por que Rita é santa? Não tanto pela fama dos prodígios que a devoção popular atribui à eficácia da sua intercessão junto de Deus omnipotente, quanto pela admirável “normalidade” da existência quotidiana, por ela vivida antes como esposa e mãe, depois como viúva e enfim como monja agostiniana.”

De fato, aconteceram milagres extraordinários durante toda a vida de Santa Rita, muitos impossíveis se concretizaram em sua história, mas tudo isso ocorreu porque Rita entregou-se a Deus no seu cotidiano simples e ordinário, sendo uma boa esposa, enfrentando o sofrimento com força e esperança, buscando ser uma pessoa virtuosa e totalmente confiante na vontade divina e, por fim, esforçando-se para levar almas para o céu, o que se concretizou tanto em seu casamento, pela conversão de seu esposo e de seus filhos, quanto em sua vida consagrada, como monja agostiniana, por meio da qual tornou-se mãe espiritual e responsável pela salvação de milhares de almas pelo mundo todo.

Santa Rita de Cássia é muito mais do que uma mulher que foi alvo de tantos milagres e sinais de Deus, é um modelo de santidade possível, que nos dá a esperança de também alcançarmos em nossa vida cotidiana, trabalho, criação dos filhos, relação com esposo(a) e enfrentamento das dificuldades, uma vida de total entrega a Deus.

Que Santa Rita seja, para nós, uma intercessora de graças abundantes junto a Deus e uma amiga que nos inspira a ser santos, a confiar nos desígnios de Deus e a cumprir a nossa vocação nesta terra.


Jeane Cleia Santos Silva
Missionária Comunidade Católica Presença