Ser família Presença

“Se fordes aquilo que deveis ser, ateareis fogo ao mundo inteiro ” (Sta Catarina de Sena)

E que fogo é esse de que fala Catarina de Sena? É o fogo citado na Palavra, que tocou a sarça, queima e não se consome. É o fogo dito pelo próprio Jesus, que arde dentro do Seu peito ao dizer “desejo ardentemente comer essa Páscoa convosco!” (Lc 22, 15 – 16). É o fogo dos mártires condenados a fogueira, que já os consumia por dentro e ao incinerá-los só demonstrava como estavam consumidos. É o fogo quem representa o calor do Espírito Santo que ao nos alcançar ilumina, aquece, direciona, transforma e faz novas todas as coisas.

Catarina de Sena fala a todos, mas especialmente no Carisma Presença fala aos consagrados. E correspondendo ao chamado de Deus nesse Carisma como família, ao compreender que essa frase da santa se tornou nosso lema dentro da própria comunidade, como essas palavras podem transformar as nossas vidas?

E foi então na minha família que encontrei como vivê-la, porque a caridade começa dentro de casa. Um casal que tem sua vida moldada a partir de um carisma específico, percebe que uma das grandes maravilhas que este pode fazer por eles é auxiliá-los a encontrar o seu lugar.

Ninguém se realiza plenamente fora do seu lugar. A nossa experiência como casal consagrado nos devolve todos os dias para onde o Senhor deseja que permaneçamos. Essa busca acontece na oração, por esse diálogo em que nos colocamos em escuta porque Deus deseja nos visitar.

Quem sabendo que um grande amigo vai chegar fingi que não está? E quando esse amigo é o próprio Deus, se reserva um momento para acolhê-lo e então esse tempo é consumido com uma Presença amorosa, simples e inesquecível.

Como família Presença somos visitados todos os dias por essa Pessoa Trindade e fazemos comunhão e essa partilha de vida da pessoa Divina conosco ao longo desses quase 10 anos de carisma foi transformando nossa maneira de ser e conduzir nossa família.

Os filhos são reflexos dos pais, já ouvimos isso tantas vezes, mas nos esquecemos de que a condição de todos é de filhos, e que somos todos filhos de um mesmo e único Pai.

Portanto nossos filhos precisam saber que são filhos de um Pai perfeito, justo e misericordioso, herdeiros de uma aliança eterna e auxiliá-los a estreitar esse relacionamento com Deus.

Como? Se os pais rezam e demonstram que são felizes e se realizam nesse ato amoroso com Deus, os filhos desejarão o mesmo.

Quando existe coerência entre o que os pais falam e fazem dentro e fora de casa, os filhos são alcançados pela verdade e quem encontrando o tesouro da verdade deseja a mentira?

Já dizia São Tomás de Aquino ” a verdade é uma pessoa “ e Jesus nos diz quem é a verdade ” Eu sou o caminho, a verdade e a vida” ( Jo 14,6). A coerência na vida do casal consagrado ordena a vida familiar.

A palavra de Deus passa a ser a fonte de bênçãos encontrada pelo casal para nortear a vida conjugal e a educação dos filhos e naturalmente essa palavra orienta para o exercício dos sacramentos e a utilização dos dons.

Numa família consagrada o Pentecostes deve ser perene. Me lembro de um fato interessante que aconteceu com o nosso caçula, o Thiago aos 7 anos. Temos o hábito da confissão semanal, aliás nosso baluarte São padre Pio, diz que uma alma não consegue permanecer limpa por mais de sete dias, e então o Thiago sempre nos via confessando e aquela semana era a semana maior da Igreja, a semana santa, e tinha mutirão de confissões. O Thiago disse: “hoje eu vou me confessar” e então nós o encorajamos a dar esse passo, porém estávamos temerosos porque ele não tinha primeira comunhão e como era mutirão ficamos preocupados do padre não aceitar. Ele entrou na fila e caiu com o nosso pároco. Nós observávamos de longe. Ao se sentar na cadeira o padre balançava a cabeça como quem dizia “você não pode se confessar “ e calmamente o Thiago permaneceu sentado e até se encostou. E finalmente o padre se inclinou como quem escuta e logo em seguida ergueu as mãos e deu a absolvição. E então perguntamos “Filho o que foi que o padre disse quando você se sentou? Parecia que ele não queria te confessar!! Ele respondeu: ” o padre me disse que eu não podia me confessar porque não tinha a primeira comunhão” e então respondi “eu sou um pecador!”

Somos sim pecadores, filhos ingratos de um Pai bondoso, o único capaz de nos devolver a vida na graça.

Uma família consagrada deve ser uma seta apontada para o céu!