Hoje, dia 06 de agosto, a Igreja celebra a Solenidade da Transfiguração do Senhor, um momento luminoso da vida de Jesus, em que Ele revela sua glória divina a três de seus discípulos. Esta festa, celebrada em 6 de agosto, convida-nos a contemplar o rosto glorioso de Cristo e a renovar nossa esperança no caminho da fé. Em um mundo marcado por tantas sombras e incertezas, a Transfiguração nos recorda que nossa vocação última é a glória com Deus, é a participação na luz eterna que não se apaga.
O Evangelho de hoje, segundo São Lucas (Lc 9,28b-36), nos narra que Jesus levou Pedro, João e Tiago ao alto de um monte para orar. Enquanto orava, seu rosto mudou de aparência e suas vestes ficaram resplandecentes de brancura. Ao seu lado apareceram Moisés e Elias, que conversavam com Ele sobre a sua paixão. A oração de Jesus não apenas o conecta ao Pai, mas manifesta sua verdadeira identidade como Filho de Deus. A glória que ali se revela não é uma ilusão, mas antecipação da ressurreição.
A voz que ressoa da nuvem — “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!” — é uma convocação também a nós. Escutar o Filho é um imperativo para todo cristão. Não se trata apenas de ouvir com os ouvidos, mas de acolher em profundidade sua Palavra, seu ensinamento, seu mistério.
A Primeira Leitura, do profeta Daniel (Dn 7,9-10.13-14), apresenta a visão do “Filho do Homem”, a quem foi dado poder, glória e realeza. Essa figura gloriosa antecipa o que os apóstolos experimentam no monte: Jesus é o Filho do Homem exaltado, a quem pertencem todas as nações. Sua realeza não é deste mundo, mas se manifesta em sua entrega amorosa e em sua vitória sobre a morte. O trono de fogo do Antigo dos Dias, diante do qual se assentam milhares, evoca a majestade divina, da qual Cristo é plena manifestação.
O Salmo 96(97) proclama: “O Senhor é rei! Exulte a terra de alegria!” (Sl 96,1). A Transfiguração é motivo de júbilo para todo o universo, pois revela que o destino da criação é a participação na glória de Deus. “As montanhas se derretem como cera diante do Senhor de toda a terra” (v.5), canta o salmista. No monte da Transfiguração, é como se o céu tocasse a terra, e toda a criação estremecesse diante da beleza do Senhor.
A Segunda Leitura opcional, retirada da Segunda Carta de Pedro (2Pd 1,16-19), traz o testemunho direto de quem esteve no monte santo: “Fomos testemunhas oculares da sua majestade”. Pedro confirma a veracidade da experiência, para que nós também, mesmo sem ter visto, possamos crer. Ele nos encoraja a firmar-nos na “palavra profética”, como numa luz que brilha na escuridão, até que amanheça o dia.
Queridos irmãos e irmãs, a Transfiguração não é apenas um fato do passado. É também uma profecia do nosso futuro e uma pedagogia do presente. Jesus se transfigura para nos mostrar que a cruz não é o fim, mas o caminho para a glória. Por isso, ao descer do monte, Ele se dirige resolutamente a Jerusalém, onde entregará sua vida por amor. Nós também somos convidados a descer do monte das experiências consoladoras e viver no cotidiano a fidelidade ao Evangelho, mesmo quando ele exige sacrifício.
Ao contemplar a Transfiguração do Senhor, renovemos nossa esperança. Em tempos sombrios, onde a fé é provada, onde o medo e o desencanto ameaçam o ânimo do povo de Deus, a luz do rosto de Cristo nos conforta e anima. Como disse o Papa Francisco, “a Transfiguração nos lembra que as alegrias sem cruz são ilusórias, mas as cruzes transfiguradas são caminho de vida”.
Neste tempo em que celebramos o Jubileu da Redenção de 2025, cujo lema é “Peregrinos da Esperança”, deixemo-nos transfigurar pela graça de Deus. Busquemos a oração, a escuta atenta da Palavra e a contemplação da face de Cristo. Que esta celebração seja para todos nós como uma luz que nos guia e sustenta no meio das tempestades.
Assim como os discípulos, desçamos do monte com um coração renovado, prontos para testemunhar a glória de Deus no mundo, nas pequenas e grandes ações de amor, serviço e misericórdia. Que possamos, com a Igreja inteira, proclamar: “O Senhor é rei! Toda a terra exulte!” (Sl 96,1). Amém.