Somos peregrinos da Esperança

“Peregrinos da Esperança” é o tema do Ano Jubilar de 2025 escolhido pelo Papa Francisco. Na bula de proclamação do ano Santo com o título «Spes non confundit”, ou seja, “a esperança não engana» (Rm 5,5), o Papa afirma que “todos esperam. No coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expectativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã. Porém, esta imprevisibilidade do futuro faz surgir sentimentos por vezes contrapostos: desde a confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida. Muitas vezes encontramos pessoas desanimadas que olham com ceticismo e pessimismo para o futuro como se nada lhes pudesse proporcionar felicidade. Que o Jubileu seja, para todos, ocasião de reanimar a esperança!” (N. 1).

O ano jubilar é um tempo especial de esforço de conversão para a renovação da fé, do Amor, do perdão, da misericórdia, da fraternidade, libertação, da promoção da restauração da justiça interpessoal e social (cf. Lv 25,13-17). O tema do ano jubilar 2025 nos convida a aprofundar o que significa a nossa Esperança, qual é o seu conteúdo, o seu dinamismo e para onde ela nos leva. Por que somos peregrinos da Esperança?

Peregrino é um fiel que caminha rumo a um santuário; peregrinar é caminhar para um lugar sagrado, passando pelos campos (realidades naturais e construídas por mãos humanas). Etimologicamente, a palavra peregrino significa “passar por campos”. Assim os fiéis do Antigo Testamento peregrinavam à Jerusalém todos os anos para a festa da Páscoa. Os santuários são lugares de peregrinação. Esse movimento religioso continua ainda hoje e vai até o fim dos tempos.

A mobilização de fiéis das religiões rumo à santuários é comparado ao dinamismo da nossa existência rumo à vida eterna; nossa vida é uma peregrinação rumo ao Paraíso, nossa meta definitiva! Somos “peregrinos da esperança” na Vida Eterna! Somos peregrinos porque o céu é a nossa pátria definitiva. O céu é o Santuário para o qual todos nós estamos caminhando; é isso que nos diz a bíblia. Estamos a caminho da nossa pátria definitiva. Disse Jesus: “Que o vosso coração não se perturbe, pois na casa do meu Pai há muitas moradas” (Jo 14,1-2); “sabemos que, se a nossa habitação terrestre, esta tenda em que vivemos for dissolvida, possuímos uma casa que é obra de Deus, uma eterna morada nos céus, que não é feita pela mão humana” (2Cor 5,1).

Neste mundo somos estrangeiros; estamos em busca da nossa meta projetada por Deus (cf. 1Pd 1,17; Hb 13,14). Essa é nossa vocação e ao mesmo tempo nosso sonho: o paraíso. A esperança exerce um papel fundamental em nossa vida; ela nos motiva, estimula, empurra, mobiliza, conforta, dá segurança: “a esperança não causa decepção porque o Amor de Deus foi derramado em nossos corações” (Rm 5,5). Deus nunca nos engana. Ele é a fonte da nossa Esperança! (Sl 33,20-22).

A esperança nos dá conforto: “os sofrimentos do tempo presente não se comparam com a glória futura que deverá ser revelada em nós” (Rm 8,18); “não haverá mais morte; não haverá mais choro, nem grito, nem dor… Tudo passou e passamos para uma nova vida” (cf. Apocalipse 21,4). A esperança nos educa a olhar para o futuro, para frente, não parar, nunca desanimar do bem, não desistir! A esperança nos livra do desespero porque nos fala de superação, prêmio, glória, vitória, recompensa e nos estimula à perseverança!

A esperança nos diz que vale a pena lutar, vale a pena superar momentos difíceis, que neste mundo tudo é passageiro! A Esperança nos educa à paciência! Quem tem esperança vive com mais serenidade, otimismo, alegria, senso empreendedor porque está sempre motivado para fazer o bem!


Autor: Dom Antonio de Assis Ribeiro, SDB – Bispo eleito da diocese de Macapá (AP) 
Fonte: CNBB