Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!

Santo Agostinho viveu no período do Império Romano entre 354 e 430 D. C. Nasceu em Tagaste (África), é filho de Santa Mônica a quem tanto lhe rendeu muitas orações por sua conversão. Em Milão entre 384 e 387, através de profundas reflexões espirituais, amadureceu sua fé cristã e em 387, recebeu o batismo do bispo santo Ambrósio, deixando Milão para retornar à África, mas no caminho acontece a morte de sua mãe. Permanece ainda mais um ano em Roma, e em 388 chega a África, chegando em Tagaste, vendeu os bens paternos e fundou uma comunidade religiosa, logo adquirindo grande notoriedade pela sua santidade de vida. Em Hipona foi ordenado sacerdote pelo bispo Valério em 391, e consagrado bispo em 395.

Quando jovem teve uma vida devassa e bem perturbada, quer moralmente quer intelectualmente. Mas, sabia do seu desejo de buscar Deus, tinha uma saudade do Criador que se desdobrava em suas constantes reflexões.

Santo Agostinho é um grande expoente da filosofia cristã, tido como um dos pais da Igreja no período medieval, chamado Patrística. Escreveu muitas obras tanto no campo da Filosofia quanto da Teologia, lidas e admiradas até hoje como as Confissões e A Cidade de Deus.

Sua mãe santa Monica, teve grande e fundamental importância em seu processo de conversão, ao qual rezava e pedia a Deus, que o visse cristão, antes dela morrer. E quantas lágrimas regaram e alimentaram a vocação de seu filho. Santo Agostinho no processo de conversão ouviu muitas vezes as pregações de Santo Ambrósio, abrindo-se os olhos e entendimento, aprendendo o modo correto de abordar a Sagrada Escritura. E lendo as cartas de São Paulo, aprendeu o sentido da fé, da graça e do Cristo, algo que Santo Agostinho não encontrou em nenhum outro lugar, ou filosofias ao qual teve contato.

Durante a sua época na alta idade média, foi um grande soldado de Cristo combatendo e salvaguardando a doutrina cristã de heresias que se levantavam e até mesmo os cismáticos. Santo Agostinho, e mais tarde, Santo Tomás de Aquino se tornariam as bases sólidas e fontes seguras para a formação nos seminários, pelo seu amor a Igreja e zelo em cada obra, pelo qual nos fazem amar ainda mais a Igreja, conhecendo toda a sua beleza.

Tarde te amei, Ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Com Santo Agostinho somos convidados a olhar para a nossa essência. Aquele famoso oráculo de Delfos, legado dos gregos, conhece-te a ti mesmo, faz ressoar com toda intensidade em sua vida. Agostinho diz nos seus escritos que fomos criados para Deus, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousar em Deus, fazendo assim entender que o homem tem uma saudade de Deus, seu Criador.

É inspirador para nós, mergulhar em seu exemplo de santidade, pois a humanidade no fundo quer encontrar-se com Deus, porém a busca de tantas formas, que as vezes não faz como deveria. Portanto, irmãos e irmãs marquemos a direção e não importa a velocidade que estamos, pois conhecendo a nós mesmo, chegaremos a Deus.

Que santo Agostinho interceda em nossa caminhada e peregrinação rumo a pátria celeste, aquela cidade de Deus ao qual ele mesmo menciona.

“Acenda-se em minha alma a brasa ardente de vosso amor e se converta num incêndio todo divino, a arder para sempre no altar de meu coração; que inflame o íntimo do meu ser, e abrase o âmago de minha alma; para que no dia de minha morte eu apareça diante de vós, inteiramente consumido em vosso amor… Amém”

Graça e paz que Deus te abençoe.

Fernando Sobrinho
Seminarista, Comunidade Presença