Graça e paz!
Sou a Raquel Lúcio, missionária da Comunidade Católica Presença desde 2018, casada e há mais de quatro anos exerço um dom belo e sublime para a vida de uma mulher que é o de ser mãe, isto é, o dom da maternidade.
Sobre este dom a frase de Santa Gianna Beretta Molla nos ajuda a bem compreendê-lo, Ela diz: “Veja Cristo em seus filhos” não sempre você terá na sua porta pessoas necessitadas pedindo ajuda, mas sempre terá Cristo no seu filho e tudo que fizer por ele é a Cristo que estais fazendo.
Esta é uma das melhores definição de como exercer o dom da maternidade, é sair de si e doar-se pelo outro, é esquecer-se de si e viver para o outro, é desprender-se do eu e viver um nós para a criação, formação e um desejo incessante de elevar esta alma para o encontro de Deus um dia no céu.
Ser mãe é sentir o amor de Deus e a confiança Dele por nos dar a exclusividade de gerar em nosso ventre uma vida, uma exclusividade no sentido de responsabilidade por formar aquele filho para seguir os caminhos que Deus quer.
Ao nascer um filho, nasce junto uma mãe, não se aprende a ser mãe senão na vivência do dia a dia, na prática deste dom tanto fisicamente como espiritualmente, na renúncia ao descanso, na doação de tempo, na criação, formação e exemplo dado pelos pais aos filhos, sobretudo na vivência da Igreja doméstica.
No Catecismo da Igreja Católica, o parágrafo 1656, nos diz: “Nos nossos dias, num mundo muitas vezes estranho e até hostil à fé, as famílias crentes são de primordial importância, como focos de fé viva e irradiante. É por isso que o II Concílio do Vaticano chama à família, segundo uma antiga expressão, «Ecclesia domestica – Igreja doméstica» (181). É no seio da família que os pais são, «pela palavra e pelo exemplo […], os primeiros arautos da fé para os seus filhos, ao serviço da vocação própria de cada um e muito especialmente da vocação consagrada» (182).”
Sejamos para nossos filhos essa Igreja doméstica e ser esta Igreja não é apenas responsabilidade das mães, mas também dos pais que são de total importância na criação dos filhos. A mulher representa a ternura de Deus, o homem representa a força de Deus. Pai e mãe juntos podem contribuir e ajudar na formação, no caráter e na alma de seu filho.
Eu compreendi o grande amor e doação que minha mãe teve por mim, quando me tornei uma, me lembro perfeitamente em uma das primeiras noites “em claro” quando fazia minha primeira filha dormir no meu colo, num determinado momento, não entendendo muito bem toda aquela mudança na minha vida, mas com muito amor eu a olhava no escuro do quarto e louvava a Deus por me permitir reconhecer esse amor de mãe para filha.
Também na fase terminal de enfermidade de minha mãe tive a vivência do que é o dom da maternidade na sua plenitude, pude ser mãe da minha mãe nos seus últimos dias de vida, sem dúvidas foi a melhor forma de retribuir um pouco do amor, dedicação e cuidado que minha mãe teve comigo durante toda a vida, assim como diz no livro do Eclesiástico 3, 14-16: “Meu filho, ajuda a velhice de teu pai, não o desgostes durante a sua vida. Se seu espírito desfalecer, sê indulgente, não o desprezes porque te sentes forte, pois tua caridade para com teu pai não será esquecida. e, por teres suportado os defeitos de tua mãe, te será dada uma recompensa.”
Amemos nossos filhos a fim de que no fim de nossas vidas possamos dizer: “Eu vejo cristo nos meus filhos”.