Vida e Santidade de Maria Goretti

A Igreja, dia 06 de julho, celebra a virgem e mártir que encantou e continua enriquecendo os cristãos com seu testemunho de ‘sim’ a Deus e ‘não’ ao pecado.

Maria Teresa Goretti, “Marieta” como era chamada carinhosamente pelos seus familiares, nasceu em 16 de outubro de 1890 em Corinaldo, Itália, e morreu como mártir, brutalmente assassinada, aos 11 anos de idade no dia 06 de julho de 1902 em Nettuno no mesmo país.

Sua beatificação foi celebrada pelo Papa XII, no dia 27 de abril de 1947, e em 24 de junho de 1950, ele celebrou a canonização da santa, virgem e mártir.

Maria Goretti nasceu em uma família pobre e muito temente a Deus, teve ao todo duas irmãs e quatro irmãos, seus pais eram Luigi Goretti e Assunta Carlini, desde pequena recebeu deles os ensinamentos da fé cristã.

Assim descreve Assunta sobre sua filha: “Não era vaidosa. Não ambicionava vestidos novos ou diferentes. Aceitava prontamente tudo quanto eu determinava… Jamais notei em Maria um defeito. Se as vezes eu ralhava com ela, era tão somente porque as grandes preocupações me punham nervosa; fazia-o sem que ela merecesse, e até hoje me censuro… Ela não respondia e continuava a sua tarefa sem ficar sentida comigo.” Maria Goretti foi batizada no mesmo dia do seu nascimento, o sacramento da Crisma recebeu no dia 4 de outubro de 1896 das mãos de Dom Júlio Boschi, Bispo de Senigallia, que fica a 19 km de Corinaldo. Recebeu a primeira eucaristia em Conca, hoje Borgo Montello, no dia 29 de maio de 1902, vestido, véu e sapatos foram oferecidos pelos vizinhos, este dia ficou marcado com a decisão que norteará sua vida: Antes morrer, que pecar. Depois disso, só 4 vezes Marieta recebeu a comunhão eucarística: no Santuário de Nossa Senhora das Graças (em Nettuno), na igrejinha de Conca (Páscoa de 1902), na igreja de Campomorto (aldeia vizinha) e no leito de morte (no hospital de Nettuno). A catequese que a preparou demonstra o empenho e esforço da garota analfabeta em conhecer a fé católica, por um ano, todas as semanas, ela vai de Ferriere até Conca que fica a mais de 3 km de sua casa, para as lições de dona Elvira, roupeira da casa dos Mazzoleni.

A situação da família se complicou quando seus pais tiveram que mudar da fazenda onde moravam para uma casa compartilhada com outra família, onde morava também seu futuro agressor, Alessandro Serenelli. O pai de Maria Teresa veio a falecer algum tempo após de malária agravada por meningite, a mãe e seus irmãos assumiram o trabalho na lavoura para sustento da família e Maria Teresa ficou responsável pelo zelo da casa e pelos cuidados de sua irmã mais nova, Teresa. Alessandro de 20 anos de idade, assediava Maria Goretti, mas a menina não cedia aos desejos do jovem, sempre se defendendo e por ser uma menina temente a Deus, sua resposta era cheia de maturidade: “Não, não, Deus não quer; é pecado! ” E alertando o agressor que sua alma poderia ir para o inferno. Ameaçada de morte, Maria manteve-se em silêncio e nunca contou sobre os assédios que sofria, no dia 5 de julho de 1902, um sábado à tarde, o agressor tentou mais uma vez assediar a jovem enquanto a família trabalhava na lavoura, mais uma vez ela se defendeu, desta vez o agressor irritado pega um ferro, uma espécie de punhal e golpeia a vítima 14 vezes. Maria Teresa ainda sobreviveu até o dia seguinte, deste período de sofrimento, vem o relato de santidade da jovem, onde ela concede o perdão ao seu agressor, em confidência à sua mãe ela diz: “Sim, o perdoo… Lá no céu, rogarei para que ele se arrependa… Quero que ele esteja junto comigo na glória eterna ”. Ela morreu vinte horas após o ataque enquanto olhava uma bela pintura da Virgem Maria.

A história de santidade de Maria Goretti continua, e como ela mesmo disse que intercederia pelo arrependimento e salvação do próprio agressor, o martírio da jovem foi a principal causa da conversão de Alessandro Serenelli, logo após o atentado Alessandro foi preso, passando 27 anos na prisão, de início ele não mostrava arrependimento, certa vez o Bispo Dom Blandini, fez uma visita a ele na cadeia e deixou alguns livros, incluindo uma  pequena biografia de Maria Goretti, que foi lida por

Alessandro e pela primeira vez o fez chorar, também neste período o agressor relata um sonho que deu início a sua nova vida: “Parecia-me estar num jardim cheio de lírios. De repente, vi aparecer Marieta, que, toda vestida de branco, colhia daquelas flores e, passando-as para as minhas mãos, dizia-me: Toma. Eu aceitava-as e assim que as beijava com grande devoção, transformavam-se em chamazinhas cintilantes.” E ele mesmo conclui: “Tenho esperança de salvar-me, pois tenho uma Santa no Paraíso que reza por mim. ” Logo após sair da cadeia ele pediu perdão à mãe de Maria Goretti, que prontamente o perdoou. Alessandro e Assunta Carlini participaram juntos na cerimônia de beatificação da jovem no Vaticano. Alessandro passou o resto de sua vida como jardineiro dos Padres Capuchinhos na Província de Macerata. Antes de sua morte ele deixou uma carta, onde relata o seu arrependimento e alerta a outros jovens a saírem do caminho que podem levá-los à ruína, fala de como Marieta foi a luz que o levou a seguir os caminhos de Deus, assim ele termina sua carta: “Acho que a religião com seus preceitos não é algo que se pode desprezar, mas é o verdadeiro conforto, a única via segura em todas as circunstâncias, mesmo as mais dolorosas da vida.”

Santa Maria Goretti manteve-se pura e santa pela sua obediência e amor a Deus. Seus restos mortais descansam no Santuário de Nossa Senhora das Graças e Santa Maria Goretti em Nettuno, Itália. Ela é tida como a santa da castidade, da pobreza, da juventude, das vítimas de estupro, da pureza de coração e do perdão. A Santa é representada carregando lírios, sinal de sua pureza, e com vestes brancas, sinal de sua virgindade.

Santa Maria Goretti, rogai por nós!

André Luís Fernandes Crupelati – Missionário da Comunidade Católica Presença