Trata-se de uma pergunta que me tem sido feita muitas vezes, e à qual gostava de dar resposta agora. Certeza absoluta do porquê não a tenho, porque Nossa Senhora não o explicou e a mim também não me ocorreu de Lho perguntar . Digo, por isso, simplesmente o que me parece e me é dado compreender a este respeito. Na verdade, a interpretação do sentido da Mensagem deixo-a inteiramente livre à Santa Igreja, porque é a Ela que pertence e compete; por isso, humildemente e de boa vontade me submeto a tudo o que Ela disser e quiser corrigir, emendar ou declarar.
Depois da Santa Missa, o Rosário é a oração mais agradável que podemos oferecer a Deus e de maior proveito para as nossas almas.
Todas as pessoas de boa vontade podem e devem, diariamente, rezar o seu Terço . E para quê? Para nos pormos em contato com Deus, agradecer os Seus benefícios e pedir-Lhe as graças de que temos necessidade. É a oração que nos leva ao encontro familiar com Deus, como o filho que vai ter com o seu pai para lhe agradecer os benefícios recebidos, tratar com ele os seus assuntos particulares, receber a sua orientação, a sua ajuda, o seu apoio e a sua bênção.
Dado que todos temos necessidade de orar, Deus pede-nos, digamos como medida diária, uma oração que está ao nosso alcance: a oração do Terço, que tanto se pode fazer em comum como em particular, tanto na igreja diante do Santíssimo como no lar em família ou a sós, tanto pelo caminho quando de viagem como num tranqüilo passeio pelos campos. A mãe de família pode rezar enquanto embala o berço do filho pequenino ou trata do arranjo de casa. O nosso dia tem vinte e quatro horas… não será muito se reservarmos um quarto de hora para a vida espiritual , para o nosso trato íntimo e familiar com Deus!
Por outro lado, eu creio que, depois da oração litúrgica do Santo Sacrifício da Missa, a oração do santo Rosário ou Terço, pela origem e sublimidade das orações que o compõem e pelos mistérios da Redenção que recordamos e meditamos em cada dezena, é a oração mais agradável que podemos oferecer a Deus e de maior proveito para as nossas almas . Se assim não fosse, Nossa Senhora não o teria recomendado com tanta insistência.
Os que abandonam a oração do Terço e não tomam diariamente parte no Santo Sacrifício da Missa, nada têm que os sustente, acabando por se perderem no materialismo da vida terrena.
Ao dizer Rosário ou Terço, não quero significar que Deus necessite que contemos as vezes que Lhe dirigimos as nossas súplicas, os nossos louvores ou agradecimentos. Certamente Deus não precisa que os contemos: n’Ele tudo está presente! Mas nós precisamos de os contar, para termos a consciência viva e certa dos nossos atos e sabermos com clareza se temos ou não cumprido o que nos propusemos oferecer a Deus cada dia, para preservarmos e aumentar o nosso trato de direta convivência com Deus, e, por esse meio, conservarmos e aumentarmos em nós a fé, a esperança e a caridade.
Direi ainda que, mesmo aquelas pessoas que têm possibilidade de tomar parte diariamente na Santa Missa, não devem , por isso, descuidar-se de rezar diariamente o seu Terço . Bem entendido que o tempo apropriado para a oração do Terço não é aquele em que toma parte na Santa Missa. Para estas pessoas, a oração do Terço pode considerar-se uma preparação para melhor participarem da Eucaristia, ou então como uma ação de graças pelo dia afora.
Não sei bem, mas do pouco conhecimento que tenho do trato direto com as pessoas em geral, vejo que é muito limitado o número das almas verdadeiramente contemplativas que mantêm e conservam um trato de íntima familiaridade com Deus que as prepare dignamente para a recepção de Cristo, na Eucaristia. Assim, também para estas, se torna necessária a oração vocal, o mais possível meditada, ponderada e refletida, como o deve ser o Terço.
Há muitas e belas orações que bem podem servir de preparação para receber Cristo na Eucaristia e para manter o nosso trato familiar de íntima união com Deus. Mas não me parece que encontremos alguma mais que se possa indicar e que melhor sirva para todos em geral, como a oração do Terço ou Rosário. Por exemplo, a oração da Liturgia das Horas é maravilhosa, mas não creio que possa ser acessível a todos, nem que alguns dos salmos recitados possam ser bem compreendidos por todos em geral. É que requer uma certa instrução e preparação que a muitos não se pode pedir.
Talvez por todos estes motivos e outros que nós não conhecemos, Deus, que é Pai e compreende melhor do que nós as necessidades dos Seus filhos, quis pedir a reza diária do Terço condescendendo até ao nível simples e comum de todos nós para nos facilitar o caminho do acesso a Ele.
Enfim, tendo presente o que nos tem dito, sobre a oração do Rosário ou Terço, o Magistério da Igreja ao longo dos anos e o que Deus, por meio da Sua Mensagem, tanto nos recomenda, podemos pensar que aquela é a fórmula de oração vocal que a todos, em geral, mais nos convém , e da qual devemos ter sumo apreço e na qual devemos pôr o melhor empenho para nunca a deixar . Porque melhor do que ninguém, sabem Deus e Nossa Senhora aquilo que mais nos convém e de que temos mais necessidade. E será um meio poderoso para nos ajudar a conservar a fé, a esperança e a caridade.
A oração do Terço é acessível a todos, pobres e ricos, sábios e ignorantes, grandes e pequenos.
Mesmo para as pessoas que não sabem ou não são capazes de recolher o espírito a meditar, o simples ato de tomar as contas na mão para rezar é já um lembrar-se de Deus, e o mencionar em cada dezena um mistério da vida de Cristo é já recordá-los, e esta recordação deixará acesa nas almas a terna luz da fé que sustenta a mecha que ainda fumega, não permitindo assim que se extinga de todo.
Pelo contrário, os que abandonam a oração do Terço e não tomam diariamente parte no Santo Sacrifício da Missa, nada têm que os sustente, acabando por se perderem no materialismo da vida terrena .
Assim, o Rosário ou Terço é a oração que Deus, por meio da Sua Igreja e de Nossa Senhora, nos tem recomendado com maior insistência para todos em geral, como caminho e porta de salvação: “Rezem o Terço todos os dias ” (Nossa Senhora, 13 de Maio de 1917).
Texto retiro dos escritos de Irmã Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado