“Todos eles perseveravam unânimes na oração, juntamente com algumas mulheres, entre elas Maria, a mãe de Jesus, e os irmãos dele.” (Atos 1, 14)
Prezados irmãos e irmãs na fé,
Ao refletirmos sobre o tema “Maria em Pentecostes”, somos imediatamente transportados ao coração da Igreja nascente, conforme narrado com vigor e simplicidade pelo evangelista Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos. O capítulo 2 descreve a efusão do Espírito Santo, o momento inaugural da missão evangelizadora da Igreja. Mas para entendermos plenamente este evento, precisamos antes olhar para o capítulo 1, versículo 14, que nos oferece a chave de leitura para a presença singular de Maria neste mistério.
O Cenáculo: Escola de Oração e Unidade
Antes da vinda do Espírito, os discípulos e as mulheres, incluindo Maria, estavam reunidos no Cenáculo. Este não era apenas um esconderijo por medo das autoridades judaicas, mas um espaço de comunhão fraterna e oração perseverante. A presença de Maria ali é fundamental. Ela, que já havia acolhido o Espírito na Anunciação e gerado o Verbo Encarnado, agora estava ali como Mãe e Mestra de oração, ensinando os primeiros cristãos a “perseverar unânimes na oração”.
Maria é a imagem perfeita da Igreja orante e expectante. Ela não estava lá por acaso, mas por desígnio divino, para ser testemunha e modelo da ação do Espírito Santo.
O Dia de Pentecostes e a Ação do Espírito
O capítulo 2 de Atos se inicia com um evento teofânico: “De repente, veio do céu um ruído, como que de um vento que soprava impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados” (At 2, 2). O Espírito desce em forma de línguas de fogo sobre cada um dos presentes.
Embora o texto de Atos 2 não mencione explicitamente Maria no momento exato do derramamento do Espírito — o foco se volta para a pregação de Pedro —, é certo que Ela também recebeu esta efusão. Maria já estava cheia de graça (Lc 1, 28), mas em Pentecostes, Ela recebe a plenitude dos dons do Espírito Santo, que a capacitam para sua nova missão: ser a Mãe da Igreja.
Maria, o Modelo da Igreja
A relação entre Maria e Pentecostes é profunda:
- Modelo de Docilidade: Maria nos ensina a docilidade ao Espírito Santo. Como Ela disse “sim” na Anunciação (“Faça-se em mim segundo a tua palavra”), em Pentecostes, Ela nos ensina a nos abrirmos sem reservas à ação transformadora de Deus.
- Mãe Missionária: Revestida do poder do Alto, Maria se torna um farol para a missão da Igreja. Ela, que levou Jesus a Isabel, agora intercede pela Igreja em sua missão de levar Cristo ao mundo.
- Presença Silenciosa e Ativa: Sua presença no Cenáculo, mesmo que silenciosa na narrativa de Atos 2, é de suma importância teológica. Ela é o coração pulsante da comunidade, mantendo a unidade e a fé viva.
Conclusão: Um Convite para Nossas Vidas
Hoje, ao celebrarmos a Novena de Nossa Senhora das Graças, somos convidados a imitar Maria no Cenáculo. Precisamos, como comunidade, perseverar na oração unânime, abrindo nossos corações para que o mesmo Espírito que desceu sobre Ela e os Apóstolos desça sobre nós.
Que, pela intercessão de Nossa Senhora das Graças, possamos ser “batizados no Espírito Santo” (At 1, 5), recebendo as línguas de fogo que nos capacitam a falar a linguagem do amor e a anunciar com coragem as maravilhas de Deus (At 2, 11) em nosso mundo.
Vinde, Espírito Santo! Vinde por meio da poderosa intercessão do Imaculado Coração de Maria!



